07/03/2025 - 9:01
O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 3,4% em 2024, na comparação com o ano anterior, marcando o melhor resultado dos últimos três anos, segundo divulgou nesta sexta-feira, 7, o IBGE.
“O Produto Interno Bruto (PIB) do país apresentou variação positiva de 0,2% no quarto trimestre de 2024 contra o terceiro e encerrou o ano com crescimento de 3,4%, totalizando R$ 11,7 trilhões”, destacou o IBGE.
O resultado veio levemente abaixo da expectativa do governo e do mercado, que projetavam alta de 3,5%.
Apesar do crescimento robusto no ano, a expansão da economia brasileira perdeu mais força do que o esperado no quarto trimestre em meio a uma política monetária restritiva (com juros em trajetória de alta) que se prolonga para 2025.
De qualquer forma, foi o maior crescimento do PIB desde 2021, ficando acima das taxas de 3,0% e 3,2% em 2022 e 2023 respectivamente. Veja gráfico abaixo:
O PIB é o resultado da soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir o desempenho e a evolução da economia. Medido pelo IBGE no Brasil, ele é divulgado a cada três meses.
Já o PIB per capita alcançou R$ 55.247,45 em 2024, um avanço, em termos reais, de 3% frente ao ano anterior.
Consumo puxa a alta do PIB
O destaque do ano foi o consumo das famílias, que avançou 4,8% em relação a 2023, acima do resultado do PIB do ano. Outro destaque foi o investimento, que apesar de ter crescido mais (7,3%), tem peso menor que o consumo das famílias na composição do resultado das contas nacionais. Já o consumo do governo teve crescimento de 1,9%.
Apesar do crescimento robusto do PIB, importante destacar que o ano também foi marcado pela alta da inflação e escalada das taxas de juros e aumento dos gastos do governo.
“Para o consumo das famílias tivemos uma conjunção positiva, como os programas de transferência de renda do governo, a continuação da melhoria do mercado de trabalho e os juros que foram, em média, mais baixos que em 2023”, afirma Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
O mercado de trabalho brasileiro fechou 2024 com uma taxa de desemprego de 6,6%, bem abaixo da média histórica. “Tanto o setor de serviços quanto o consumo das famílias foram impulsionados pelo aumento da ocupação e da massa salarial”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6.
Em nota, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda afirmou que o maior ritmo de crescimento a economia em 2024 “refletiu impulsos positivos vindos do mercado de trabalho e crédito, além de políticas de estímulo ao desenvolvimento produtivo e sustentável”.
Agropecuária teve queda
Entre os setores, o crescimento foi sustentado pelo desempenho de dos Serviços e da Indústria que, em comparação a 2023, cresceram 3,7% e 3,3% respectivamente. Já a Agropecuária sofreu queda de 3,2%.
Em meio a demanda doméstica aquecida, as Importações de Bens e Serviços apresentaram alta de 14,7% em 2024, enquanto as Exportações cresceram 2,9%.
A taxa de investimento em 2024 foi de 17% do PIB, contra 16,4% em 2023. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 14,5% em 2024, ante 15,0% em 2023.
PIB desacelerou mais do que o esperado no 4º tri
Como o esperado, a economia brasileira desacelerou nos últimos três meses do ano. Frente ao 3º trimestre de 2024, o PIB variou 0,2% no 4º trimestre, vindo de um salto de 0,7% no 3º trimestre, em dado revisado de uma alta de 0,9% informada antes.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de avanço de 0,5% do PIB no período de outubro a dezembro.
De acordo com os números atualizados do IBGE, o PIB cresceu 1% no primeiro trimestre do ano passado. No segundo trimestre a expansão foi de 1,3%, enquanto a conta revisada para o terceiro trimestre apontou crescimento de 0,7%,.
Nos últimos 3 meses do ano, a Indústria variou 0,3%, os Serviços apresentaram variação positiva de 0,1%, enquanto a Agropecuária recuou 2,3%, respectivamente.
Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo variou 0,4% e a Despesa de Consumo do Governo cresceu 0,6%, ao passo que o Consumo das Famílias teve retração (-1,0%), a primeira queda desde o 2º trimestre de 2021.
No setor externo, na mesma comparação, as Exportações de Bens e Serviços recuaram 1,3%, enquanto as Importações de Bens e Serviços mostraram variação negativa (-0,1%).
Mesmo com a perda de ritmo, o PIB brasileiro alcançou o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996, ao crescer 0,2% no 4º trimestre. Essa alta foi a 14ª taxa positiva seguida em um trimestre.
Expectativas para 2025
Em meio às pressões inflacionárias e expectativas de uma Selic chegando a 15% ao final do ano, é esperado um freio no PIB em 2025. A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou que as estimativas para o crescimento do PIB em 2025 estão mantidas em 2,01%. Já o governo projeta uma alta de 2,3% neste ano.
“Entendemos que o resultado do trimestre é um presságio para as próximas divulgações, ainda mais com a perspectiva de desaceleração do crescimento dos gastos do governo, que, em tese, deve enfrentar o gargalo fiscal. Deste modo, mantemos nossa projeção de PIB em 1,0% em 2025”, avaliou Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos.
O BC já elevou a taxa básica de juros Selic a 13,25% ao ano e já indicou novo aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião que acontece em 18 e 19 de março.
“Olhando para o futuro, a combinação de inflação persistente, juros elevados e o consequente aperto das condições financeiras deve pesar sobre a atividade econômica. A partir do segundo trimestre, a desaceleração tende a se intensificar, aumentando o risco de estagnação e até mesmo de uma recessão técnica”, alertou Igor Cadilhac, economista do PicPay, projetando crescimento de 1,6% para o PIB este ano.
*Com informações da Reuters