04/03/2022 - 13:48
Vacinação e reabertura da economia impulsionaram alta, que não deve se repetir em 2022 devido a juros elevados, renda fragilizada, guerra na Ucrânia e eleição.A economia brasileira cresceu 4,6% em 2021, após ter registrado um tombo histórico de 3,9% com a pandemia em 2020, apontam dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta sexta-feira (04/03) pelo IBGE.
“Esse avanço [em 2021] recuperou as perdas de 2020, quando a economia brasileira encolheu 3,9% devido à pandemia”, destacou o IBGE. O crescimento de 2021 é o maior desde 2010, quando o PIB registrou alta de 7,5%.
Em 2021, foram registrados aumentos, por exemplo, na indústria (4,5%), serviços (4,7%), consumo das famílias (3,6%), consumo do governo (2%) e investimentos (17,2%), mas uma variação negativa na agropecuária (-0,2%).
Agricultura é único setor que registra queda
“A única atividade que apresentou queda foi a agropecuária. É uma atividade que a gente falava que não sofria os efeitos da pandemia e até cresceu em 2020. Mas, no ano passado, tivemos vários problemas climáticos, como a estiagem, além do embargo da China prejudicando, principalmente, os bovinos”, destacou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Por outro lado, afirmou Palis, todos os serviços presenciais registram crescimento, “mas não voltaram ainda ao patamar pré-pandemia”. “As pessoas não voltaram totalmente a consumir os serviços presenciais no nível pré-pandemia. Isso também afeta para baixo o consumo das famílias”, acrescentou.
O país saiu da recessão técnica – caracterizada por dois trimestres seguidos de retração – no quarto trimestre de 2021: avançou 0,5% em relação aos três meses anteriores, após ter registrado quedas de 0,3% no segundo trimestre e de 0,1% no terceiro trimestre. O avanço registrado nos últimos três meses do ano veio acima do esperado, segundo especialistas.
Alta do PIB é estimulada por vacinação, mas não terá fôlego
Ainda de acordo com dados do IBGE, o PIB totalizou o valor de R$ 8,7 trilhões em 2021, e o PIB per capita alcançou R$ 40.688,10, um avanço real de 3,9% em comparação com o ano anterior.
Economistas avaliam que a alta registrada em 2021 foi estimulada pelo avanço da vacinação contra a covid-19 e a flexibilização das restrições para conter a disseminação da doença, que permitiram a reabertura de negócios. Mas projetam que a reação do PIB não terá muito fôlego e o indicador deverá desacelerar em 2022 – espera-se um PIB próximo de 0% no acumulado de janeiro a dezembro de 2022.
O cenário pessimista em 2022 pode ser explicado pelos impactos dos juros elevados, renda fragilizada e inflação persistente, empecilhos para o aumento do consumo das famílias. A tensão gerada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, somada às incertezas eleitorais no Brasil, podem ainda frear os investimentos produtivos em 2022.
Em ranking com 34 país, Brasil fica em 21º lugar
Num levantamento feito pela agência de classificação de risco Austing Rating, o desempenho do PIB brasileiro em 2021 ficou em 21º lugar numa comparação com 34 países. De acordo com a análise, o crescimento de 4,6% ficou abaixo da média de 5,7% dos países analisados e, ainda, da média prevista para a economia global (5,9%).
O crescimento da economia brasileira em 2021 foi menor que a registrada em países como Peru (13,3%), Turquia (11%), Colômbia (10,7%), Índia (8,2%), Israel e China (8,1%), Reino Unido (7,5%), Cingapura (7,2%), França (7%) e Bélgica (6,4%).
Já alta do PIB brasileiro no ano passado foi maior do que países como Espanha (4,5%), Dinamarca (4,2%), Noruega (4,1%), Coreia do Sul (4%), Austrália (3,8%), Suíça (3,7%) e Alemanha (3,1%).
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