04/10/2006 - 7:00
O ronco do motor esticado na potência máxima soa como um afago aos ouvidos de oito convidados selecionados a dedo. Na pista de Fiorano, na cidade italiana de Maranello, a sede da mítica Ferrari, homens que nunca passaram perto de um autódromo abusam do carro em sua plenitude. Derrapam, fazem curva sem a ajuda de equipamentos como tração nas quatro rodas ou freios ABS e aprendem a domar um dos automóveis mais velozes do planeta com o auxílio de ex-pilotos de Fórmula 1. Dos boxes, instrutores analisam cada erro e traçam o caminho para que os ?pilotos? aprendam a lidar com o bólido. Esse tipo de treinamento é para poucos, apenas os donos de Ferrari, e faz parte de uma estratégia usada pelas principais marcas de luxo para cativar os clientes. Além da Ferrari, montadoras como Mercedes e BMW também oferecem cursos para que os proprietários saibam aproveitar os seus ?brinquedinhos?. Pudera: esses carros, com alta tecnologia embarcada e uma série de dispositivos, custam fortunas. ?É uma também uma forma de criar uma experiência única dos clientes com a empresa?, diz Pyr Marcondes, sócio-diretor da SuperBrands, consultoria especializada em avaliação de marca. Uma experiência, é verdade, inesquecível.
O pacote para pilotar a máquina italiana custa US$ 5 mil e há três níveis: iniciante, intermediário e avançado. O curso dura cerca de dois dias e, no último estágio, é possível até mesmo cronometrar o tempo de pista. No Brasil, entretanto, os cursos oferecidos não são preparados para que o motorista acelere. A idéia é preparar o condutor para dirigir com segurança e, acima de tudo, para conhecer todos os acessórios do veículo. ?É a melhor forma de aprender a dirigir o carro?, diz Henning Dornbusch, presidente da BMW do Brasil. O programa da montadora alemã, que custa entre R$ 950 e R$ 1,5 mil, dura um dia e é ministrado pelo piloto Ingo Hoffmann, acontece na pista de provas da Pirelli, na cidade de Sumaré, em São Paulo.
Os alunos assistem aulas teóricas, depois passam por testes em curvas, desviam obstáculos e conduzem o carro em pista molhada. Além de ensinar os truques da direção, a BMW também ganha com a divulgação de seus produtos entre aficionados por velocidade. ?Aceitamos alunos que não são proprietários de um modelo nosso?, diz Dornbusch. Essa é uma vantagem crucial, uma vez que pode conquistar novos clientes depois dos testes. A Mercedes, que ministra um curso na pista da Goodyear, em Americana, interior de São Paulo, também colhe os frutos dessa estratégia. Como nos testes são oferecidos todos os modelos da marca, é comum ver clientes que possuem um modelo como o C180, uma máquina avaliada em R$ 150 mil, serem seduzidos por carros mais potentes e comprarem exemplares mais caros. ?O consumidor gosta de se sentir diferenciado, cativado?, diz o consultor de marketing Paulo Araújo. Isso, pelo menos, não falta nesses eventos.
Como são as provas de direção
MERCEDES
COMO É
No programa de direção segura, os
alunos aprendem a desviar de
obstáculos, fazer curva e conhecem
os equipamentos do carro com a ajuda de instrutores vindos da Alemanha.
ONDE É
Na pista de provas da Goodyear, em Americana, interior de São Paulo.
QUANTO CUSTA
Gratuito para convidados da marca
BMW
COMO É
Trata-se de um programa de um dia ministrado pelo piloto Ingo Hoffmann e aceita até quem não é dono de um modelo da marca.
ONDE É
Na pista de provas da Pirelli, em Sumaré, interior de São Paulo.
QUANTO CUSTA
Entre R$ 950 e R$ 1,5 mil
FERRARI
COMO É
Os alunos têm aulas com ex-pilotos de F-1 e aceleram na potência máxima. Os cursos têm três níveis: iniciante, intermediário e avançado.
ONDE É
Na pista de Fiorano, na cidade de Maranello, sede da marca italiana.
QUANTO CUSTA
US$ 5 mil