Os pilotos da companhia aérea portuguesa TAP aprovaram na noite de quarta-feira, 15, o indicativo de greve contra o processo de privatização da empresa. O chamado “pré-aviso” aponta para a paralisação da TAP entre os dias 1º e 10 de maio se os pedidos dos trabalhadores não forem atendidos. A direção da aérea reagiu e afirma que o caminho adotado pelos pilotos pode ser “perigoso”.

Ontem à noite, uma assembleia que contou com 305 pilotos aprovou com ampla maioria (245) a indicação de greve para o início do próximo mês. Houve 17 abstenções.

O sindicato dos pilotos argumenta que a TAP não cumpre dois acordos em vigor. O primeiro previa atualização de alguns benefícios salariais. O segundo previa que, em caso de privatização, 20% das ações deveriam ser oferecidas inicialmente aos pilotos.

A direção da empresa aérea presidida pelo brasileiro Fernando Pinto lamentou a indicação de greve. Para a companhia, os empregados estão sendo “insensíveis aos apelos de bom senso” e a opção pela greve pelo período citado poderia conduzir a empresa “a um caminho perigoso”. A greve de dez dias poderia ter efeitos dramáticos para as contas já combalidas da estatal portuguesa enquanto o governo corre para tentar vender a empresa ainda neste semestre.

Em declarações à imprensa portuguesa, o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, foi na mesma linha e defende que a greve vai contra a sobrevivência da empresa. “Espero que não haja uma consequência perversa para a companhia. Quando alguém invoca um interesse de natureza sindical, durante um processo para salvaguardar o emprego e a empresa, não está jogando a favor. Os processos são contraditórios”, disse.