25/05/2005 - 7:00
Os 169 anos de história do Riggs Bank, conhecido nos Estados Unidos como ?o banco dos presidentes?, chegaram a um final melancólico na segunda-feira 16. Às 9 horas da manhã, as 51 agências da instituição na área metropolitana de Washington abriram para o público com sua bandeira substituída pela do PNC Financial Services. Desconhecido fora dos Estados Unidos, este banco plebeu da Pensilvânia é o novo dono do Riggs, um empertigado estabelecimento de aristocratas que já teve 22 presidentes americanos entre seus clientes. Comprou-o na bacia das almas, por US$ 652 milhões, em um negócio de ocasião propiciado pela vexaminosa derrocada daquele que se apresentava como ?o banco mais importante da cidade mais importante do mundo?. Uma seqüência de investigações conduzidas pelo senado americano revelou que o Riggs abrigava contas secretas do ex-ditador chileno Augusto Pinochet (vítima de um derrame na quinta-feira 19), do déspota africano Teodoro Nguema e de dois seqüestradores de aviões usados no atentado de 11 de setembro de 2001.
Devastado pelos escândalos, o Riggs naufragou, arrastando consigo um pedaço da história do capitalismo americano. Foi com financiamento dele, por exemplo, que Samuel Morse inventou o telégrafo. E que o governo dos Estados Unidos comprou o Alasca da Rússia. Pais da pátria americana, Abraham Lincoln incluído, foram correntistas do Riggs. Mas a proximidade com o poder, mais precisamente com a CIA, acabou por levar a instituição a caminhos perigosos. Ao rastrear os movimentos dos terroristas do 11 de setembro, investigadores descobriram contas bancárias suspeitas em nome de sauditas no Riggs. No centro da rede de contatos dos extremistas islâmicos surgiu o então embaixador da Arábia Saudita em Washington, príncipe Bandar Bin Sultan. Velho conhecido da CIA (e do Riggs), Sultan foi eminência parda no financiamento aos rebeldes afegãos que enfrentaram a União Soviética nos anos 80 e deram origem ao Taleban e à Al-Qaeda de Osama Bin Laden.
Na seqüência, descobriu-se que o Riggs manteve em segredo contas bancárias de Pinochet com valores entre US$ 4 milhões e US$ 8 milhões. E foi usado pelo clã de Nguema, presidente da Guiné Equatorial, para tirar dos Estados Unidos US$ 35 milhões desviados de companhias petrolíferas de seu país. O banco caiu em desgraça, perdeu US$ 50 milhões em ações judiciais e, agora, sucumbiu à desonra.