Aceita PIX? Essa é uma das frases mais faladas pelos brasileiros após o Banco Central (BC) liberar há 2 anos, em 16 de novembro de 2020, a modalidade que permite transações financeiras eletrônicas em no máximo 10 segundos. Só em setembro deste ano, o número de operações cresceu 225% na comparação com o mesmo período do ano passado. As transações foram de 130 milhões para 430 milhões.

Para melhor ainda mais essa revolução tecnológica, a autarquia já deu os primeiros passados com estudos para uma possível implementação do real digital. “É nossa intenção ter bastante definição até 2024. A expectativa é de que vamos avançar muito no cronograma durante o projeto piloto”, disse o especialista do Banco Central, Bruno Batavia, no Criptorama, evento da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto).

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Por outro lado, esse avanço tecnológico trouxe outros problemas para a população brasileira. De acordo com um levantamento do Banco Central, os crimes com o PIX cresceram 2.818% entre janeiro e junho deste ano, subiram de 25.330 para 739.145.

“Os golpistas entenderam o PIX como uma oportunidade e os próprios números mostram isso”, disse Leandro Bissoli, advogado especializado em fraudes e diretor executivo do Peck Advogados.

Para ele, um dos grandes problemas é a demora com que os processos jurídicos são feitos, um deles é a quebra de sigilo bancário, que poderia ser utilizada para identificar de uma forma maia rápida para onde foi o dinheiro da vítima.

“Se o despacho do juiz for realizado em um dia, que é um prazo considerado rápido, o agente público que está investigando não vai conseguir chegar a tempo de ter o dinheiro lá, visto que as transações no PIX são feitas em poucos segundos. Isso facilita a vida do infrator, que pode fazer inúmeras transações para despistar a polícia”, afirmou Bissoli.

Sendo assim, o diretor executivo do Peck Advogados acredita que há uma necessidade de leis que acompanhem a velocidade das transações atuais. “Assim, ficaria muito mais complicado para os criminosos”, afirmou.

Todavia, a justiça ainda tem se empenhado, mesmo que com essa dificuldade na corrida contra os crime organizado, foi o que contou a titular da primeira delegacia de Crimes cibernéticos/Deic, Nayara Caetano Borlina Duque.

“Através do Coaf, por exemplo, a gente já identificou quadrilhas que estavam fazendo bilhões de transações ilícitas”, afirmou  Nayara Duque. Em evento da Associação Brasileira dos Bancos (ABBC), a delegada comentou que operações policiais, como essa, aconteceram justamente por causa da ajuda dos bancos.

“Normalmente a gente recebe alguns pedidos dos bancos para ver se encontramos fraudes em algumas transações”, disse Duque durante o evento. E mesmo que os processos jurídicos sejam demorados, como disse Bissoli, Nayara Duque comentou que o auxílio dos bancos tem sido fundamental.

“Na hora do cumprimento de mandado da gente sempre tem os bancos ao nosso lado para nos direcionar da melhor forma possível”, afirmou.

Já o Banco Central disse, em nota enviada à DINHEIRO, que tem criado vários mecanismos para barrar fraudes e golpes.

“Desde de novembro do ano passado os usuários podem ter seu dinheiro de volta em casos de fraudes, sejam elas identificadas ativamente pelas próprias instituições envolvidas ou quando um usuário faz um Pix mas logo em seguida se dá conta de que foi vítima de um golpe”, disse.

A autarquia comentou também que para fazer uso dessa modalidade é necessário registrar um boletim de ocorrência e avisar imediatamente a instituição pelo canal de atendimento oficial.

A solução para os crimes do PIX não estão nem um pouco próximas de serem resolvidas, tanto Bissoli e Nayara Duque alegam que essa será uma eterna briga de gato e rato, mas para Head de segurança do C6 Bank, José Luiz Santana essa luta corrida será uma grande corrida de novas atualizações.

“Acho que todos os bancos têm responsabilidade. Uma parte da população, que ainda não é letrada no mundo digital, foi literalmente arremessada para esse ambiente e a nossa responsabilidade é levar informação para essa parcela. Tem muita coisa acontecendo, novos golpes, então isso vai ser uma coisa perene”, afirmou Santana.