Ainda no segundo semestre deste ano de 2025 – possivelmente em setembro o Banco Central (BC) vai regulamentar Pix Parcelado, nova modalidade de pagamentos que permitirá compras parceladas usando o sistema de pagamento instantâneo.

+Pix automático: como funciona e como autorizar pagamento de contas

Assim como o cartão de crédito, a modalidade de pagamento deve permitir pagamentos a prazo com juros e condições específicas. Todavia, o Pix parcelado permitirá selecionar datas específicas para a parcela de cada compra.

Por exemplo, uma compra de R$ 10 mil poderá ser feita em dez parcelas – caso o banco permita essa condição – de R$ 100, e então em um dia escolhido o valor será debitado da conta via Pix.

No caso do cartão de crédito, o correntista tem um limite pré-estabelecido pelo banco ou instituição financeira, com base na renda mensal, score de crédito e outro fatores.

No Pix Parcelado, o limite para transação, prazos e juros serão definidos pelos bancos com base nas informações disponibilizadas via Open Finance – sistema do BC em que o cliente autoriza o compartilhamento de seus dados financeiros entre diferentes instituições (bancos, corretoras, seguradoras, fintechs etc.) por meio de interfaces padronizadas (APIs).

Juros do cartão ou do Pix?

Enquanto no cartão de crédito é possível fazer o conhecido parcelado sem juros, essa operação não será usual no Pix Parcelado – dado que a modalidade funciona de forma parecida com um empréstimo.

Nesse caso, quem está vendendo recebe o valor do Pix cheio na hora e o correntista então paga as parcelas ao banco todos os meses.

Na prática, os juros devem ser menores que o rotativo do cartão de crédito (que ultrapassa 400% ao ano), mas maiores que financiamentos tradicionais.

Ao contrário do parcelamento no cartão de crédito, que pode ou não ter juros para o consumidor, o PIX Parcelado funcionará como uma operação de crédito com a cobrança de juros explícita ao pagador – sinalizada na hora de escolher o número de parcelas.

Vale destacar que o Pix Parcelado não deve ser confundido com o Pix Garantido, funcionalidade que deve ser lançada pelo BC em 2026, em que será possível realizar o agendamento de pagamentos com a certeza de que a transação será liquidada na data futura, mesmo que o pagador não tenha saldo em conta, funcionando como uma espécie de cheque pré-datado.

Como funcionará o Pix Parcelado

A funcionalidade permitirá que os consumidores parcelem compras e transferências via Pix, mesmo sem possuir um cartão de crédito.

A modalidade funcionará como linha de crédito pré-aprovada que será concedida pelo banco ou instituição financeira a qual o consumidor possui conta.

Ao escolher essa modalidade, na transação, poderá decidir o número de parcelas e será informado sobre os juros aplicáveis. Após selecionar, em um determinado dia do mês previamente escolhido, o valor da parcela será debitado da conta tal como um Pix tradicional.

O pagamento deverá poder ser feito tanto em lojas físicas ou online, dependendo somente da disponibilização do crédito pelo banco ou instituição financeira do consumidor.

O recebedor – lojista ou pessoa física – receberá o valor total da transação em sua conta na sua totalidade e de forma instantânea – ou seja, quem arca com as parcelas e toma o risco de inadimplência será o banco.

“As instituições financeiras são quem irão fornecer o crédito. Quando se faz uma compra, eu como instituição financeira estou pagando a empresa e estou fazendo um empréstimo para quem está parcelando, e com isso preciso colocar o custo do dinheiro no tempo [juros]”, explica João Santos, cofundador e CEO da Treeal.

O especialista explica que, com o Open Finance, a concessão de crédito tem potencial de permitir que os bancos e fintechs saibam melhor quem são os bons e maus pagadores, ofertando crédito para quem possui um bom score.

Alex Tabor, CEO da Tuna Pagamentos, acredita que o Pix parcelado irá coexistir com o cartão de crédito.

“O cartão mantém vantagens como programas de fidelidade e aceitação global, enquanto o Pix traz custos operacionais significativamente menores, redução de fraudes por autenticação biométrica e potencial até mesmo de melhorar a taxa de conversão no checkout. Para o varejo, é uma oportunidade clara de reduzir custos com intermediários e ampliar o acesso ao crédito com análise tão robusta quanto a do cartão”, diz Tabor.

Quando começará e quem poderá utilizar

O BC anunciou que a ferramenta será liberada no segundo semestre deste ano, mas sem uma data específica.

Assim como no caso do Pix Automático e outras modalidades, players do mercado já podem ofertá-la, setembro será o mês em que o BC publicará as regras oficiais e diretrizes de funcionamento, criadas para padronizar a experiência, ampliar o acesso à ferramenta e garantir transparência.

Até então, bancos já possuem funcionalidades análogas, como o Divide o Pix, do Santander, em que o cliente pode parcelar o valor em até 24x, escolhendo parcelas e contar com 59 dias para começar a pagar, tendo incidência de juros e IOF.

O Itaú oferece a opção do usuário realizar o Pix parcelado no cartão de crédito em até 12x, permitindo enviar o dinheiro na hora usando o limite do cartão.

No Banco do Brasil, quem tem limite de crédito disponível podem parcelar o valor do Pix em transações a partir de R$ 100 por meio do aplicativo, em prestações que são descontadas na conta corrente de acordo com a data que foi estipulada, com incidência de juros que começam na casa dos 2,98% ao mês.