26/07/2024 - 14:24
O governo federal mandou “recados” a governadores que não compareceram a uma solenidade de anúncios do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira, 26.
Em discurso no evento, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), um alvo direto de críticas. “Tenho orgulho de dizer, presidente, que hoje, aqui, o senhor libera, só em macrodrenagem, para o Estado de Santa Catarina, que não tem frequentado as solenidades aqui para receber os investimentos, R$ 1 bilhão para macrodrenagem em Santa Catarina”, declarou.
Costa continuou: “Porque o que interessa é que o povo pobre, o povo que vive em lugares que alagam, na próxima chuva forte, não perca seus bens, seu patrimônio, sua casa, ou eventualmente, o pior às vezes acontece, perdendo a própria vida”.
O ministro disse ter telefonado para a “grande maioria” dos governadores. Segundo ele, alguns disseram estar no exterior. Além disso, de acordo com Costa, o governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (União Brasil), suspendeu as férias para estar na cerimônia, mas alegou não ter conseguido um voo.
Na ocasião, o petista fez um agradecimento nominal aos oito governadores que se fizeram presentes: da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), do Ceará, Elmano de Freitas (PT), da Paraíba, João Azevêdo (PSB), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), do Piauí, Rafael Fonteles (PT), do Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), e do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil).
Em seguida, afirmou que há valores expressivos do PAC para os Estados de São Paulo, governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), Minas Gerais, de Romeu Zema (Novo), e Paraná, de Ratinho Júnior (PSD), além de Santa Catarina.
Segundo a assessoria do Planalto, além dos governadores, compareceram os vice-governadores de São Paulo, Felicio Ramuth (Tarcísio), do Pará, Hana Ghassan (Helder Barbalho), e do Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa (Eduardo Riedel).
Em certo momento, Costa mencionou o Rio Grande do Sul, cujo governador, Eduardo Leite (PSDB), também não compareceu.
“Quero destacar sobre o Rio Grande do Sul. Às vezes, eu vejo polêmicas, ou discursos, ou politização deste evento, e eu sou forçado a lembrar da enchente em 2021, no sul da Bahia”, declarou ele, que foi governador do Estado baiano.
O ministro continuou: “Sou forçado a lembrar, para comparar o tratamento que a Bahia recebeu naquele momento e o tratamento que hoje é dado ao Rio Grande do Sul. Naquele momento, a Bahia recebeu desprezo, descaso e, eu diria, um certo deboche, porque a visita do então presidente naquela época foi para fazer uma motociata”.
Em seguida, Costa ressaltou a destinação de R$ 6,5 bilhões ao Rio Grande do Sul, dos quais R$ 2 bilhões serão dedicados para a readequação de equipamentos como bombas e diques.
“Digo isso porque me entristece muito quando a gente está trabalhando duro, de oito da manhã às 23 horas ou até meia-noite, ver pessoas priorizando o discurso político, o embate político, ao invés de cuidar das pessoas”, afirmou.
Costa também fez referência implícita a uma declaração de Leite, de 2023, que defendia a revitalização de uma área em Porto Alegre sem um muro de contenção de enchentes.
“Vi vídeos de pessoas propondo, à época, retirar os diques para cuidar da beleza estética de Porto Alegre, como se isso fosse possível, dada as condições de infraestrutura”, disse o ministro.
Ao discursar, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também saudou nominalmente os governadores presentes e se queixou da ausência do restante.
“Alguns não têm comparecido, possivelmente, ainda pela imagem negativista de um presidente da República que só viajava para o Estado que ele gostava, para atender amigos, e não dava importância para aqueles que pensassem diferente dele”, afirmou.
Questionado pelo Estadão/Broadcast se a distância de alguns governadores do Palácio do Planalto dificulta a elaboração de projetos, Costa disse que é mais fácil trabalhar quando há entrosamento. Mas, segundo ele, a ideia é “deixar no passado o excesso de partidarização e de politização” nas relações com os Estados.
O ministro também afirmou que alguns Estados “sequer apresentaram propostas” para o PAC. “O prejuízo não é para o governo, não é para mim, não é para você, o prejuízo é para quem mora nesses locais e poderia ser atendido”, disse, em coletiva de imprensa.
Na cerimônia, o governo anunciou a nova etapa do PAC com investimentos de R$ 41,7 bilhões. Os recursos não sairão integralmente do Orçamento da União. Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, foram selecionadas 872 propostas de obras em 707 municípios.