11/10/2018 - 17:41
Quem passa pela Represa Billings nota na hora: plantas aquáticas se reproduziram fora do controle e agora cobrem a superfície da água. O esgoto, o lixo e a poluição funcionam como “nutrientes” e favorecem o crescimento em abundância das plantas flutuantes que estão em um trecho inicial da represa, afirma Cesar Pegoraro, educador ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica.
“A proliferação de algas ou plantas aquáticas é um reflexo do descuido com a Represa Billings. É inadmissível que não haja universalização de saneamento básico. Se a represa tem esse papel de fonte de água pura, de abastecimento público e atividades esportivas, não deveria receber a água do Rio Pinheiros, que é puro esgoto”, explica Pegoraro.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) disse que realiza bombeamentos das águas do Rio Pinheiros para a Represa Billings, principalmente no período chuvoso. Segundo a Cetesb, o trecho inicial da represa recebe uma contribuição de esgotos domésticos não coletados e de moradias irregulares, o que resulta na poluição no local.
A companhia confirma a explicação de Pegoraro: a poluição que atinge as águas da represa mantém o ambiente eutrofizado, isto é, enriquecido por nutrientes, tendo como principal consequência a proliferação de algas ou plantas aquáticas.
Pegoraro afirmou que a proliferação de algas ou plantas aquáticas é um fenômeno bem conhecido na região. “É necessário ter infraestrutura e um trabalho de educação na região. As plantas aquáticas gostam muito de detergente, fezes humanas e urina”, disse Pegoraro.
Segundo ele, os aguapés – plantas aquáticas flutuantes – promovem uma cobertura do espelho d’água e não deixam o sol passar, o que produz menos oxigênio. “Como consequência pode haver fermentação da água e mortandade de peixes”, alerta.
A Cetesb informou que monitora o problema, a fim de verificar os eventuais impactos e avaliar a necessidade de medidas.
A Sabesp, companhia responsável pelo abastecimento de água na capital e em cidades da região metropolitana, disse que não utiliza água diretamente da Represa Billings para abastecer a população. Segundo a nota, a captação é feita no braço Rio Grande, que é separado por barragem do corpo central da represa. Após a captação, a água é tratada e só então distribuída à população.
Segundo o texto, em áreas de ocupação irregular a Sabesp não pode instalar as tubulações de coleta porque é proibida por lei federal. Para que a companhia possa atuar, é necessário que haja a regularização dos terrenos e imóveis.