Papéis avulsos

A Lupatech, fornecedora de equipamentos para o setor de petróleo e gás, teve sua pior semana na bolsa desde que abriu capital em 2006. Na quarta-feira 23, as ações despencarem 19,6%.  Na quinta 24, perderam mais 26%. O mercado considera que a empresa não tem caixa para honrar os compromissos até o final do ano. “Ainda que nossa situação financeira no terceiro trimestre gere preocupações em relação à solvência da companhia, estamos trabalhando fortemente para equilibrar nossa estrutura de capital”, afirmou a empresa em comunicado ao mercado. A proposta de vender a unidade Steelinject Injeção de Aços para a Forjas Taurus por R$ 14 milhões, anunciada em outubro, não bastou para acalmar os investidores. “A venda dos ativos ajuda a fazer caixa, mas a companhia precisa ser capitalizada. Até o momento, os acionistas não se manifestaram sobre a intenção de socorrer a empresa”, diz Oscar Camilo, analista da Socopa. Entre os acionistas estão o BNDES e a Petros. No terceiro trimestre, a Lupatech teve prejuízo líquido de R$ 116,7 milhões.

 

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Touro x Urso

 

Os mercados não se mostraram animados na semana passada e os investidores continuaram no aguardo de um acordo entre os líderes europeus para pôr fim à crise. O mau humor reapareceu com as declarações da chanceler alemã, Ângela Merkel, que voltou a descartar novos empréstimos conjuntos dos países da zona do euro e novas intervenções do Banco Central Europeu. Nos próximos dias, o mercado estará de olho nos dados de política fiscal do governo brasileiro e nos indicadores de consumo dos Estados Unidos. Na Europa, as expectativas ficam por conta das novas reuniões entre os líderes e nas divulgações de auxílio-desemprego do Reino Unido, da Alemanha e da Itália.

 

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Bolsas


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Concorrência para BM&FBovespa?

 

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Os investidores na BM&FBovespa tomaram um susto na segunda-feira ao descobrirem que mais um concorrente queria uma fatia do seu mercado. A Direct Edge, bolsa eletrônica americana controlada por bancos de investimento como o Goldman Sachs e pela International Securities Exchance (ISE), informou que quer operar no Rio de Janeiro no ano que vem. “Vamos negociar ativos brasileiros que já forem listados em outros mercados”, disse William O’Brien, principal executivo da empresa, na segunda-feira 21. Ele não fez prognósticos para o mercado brasileiro, mas disse que a Direct Edge tornou-se rentável ao abocanhar 6% do mercado americano. Ela foi a segunda a anunciar sua entrada. Em fevereiro, outra bolsa eletrônica americana, a Bats, também havia proclamado intenções semelhantes.

 

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A hipótese de um novo pregão não é absurda. Qualquer empresa pode lançar seu sistema de negociação. O mercado brasileiro, embora pequeno, vem crescendo aceleradamente e é mais rentável que os da Europa e dos Estados Unidos, o que aguça a gula da concorrência. Não há entraves legais. Embora afirme não ser a favor nem contra a instalação de uma nova bolsa, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que reconhece a importância da concorrência. Mesmo o calcanhar de Aquiles de qualquer recém-chegado, a compensação financeira das operações, está garantida. Em sua instrução 461, de 2007, a CVM determinou que as bolsas em funcionamento têm de garantir a possibilidade de compensação de transações realizadas fora de seus pregões. Tradução: a BM&FBovespa não pode negar esse serviço aos concorrentes – pelo menos não sem uma boa briga. A BM&FBovespa possui na prática um monopólio na negociação com ações e é o maior pregão para derivativos financeiros e agrícolas. Isso a torna mais rentável que suas concorrentes internacionais. 

 

A vinda de novos participantes pode enxugar essas margens. Não por acaso, suas ações chegaram a cair mais de 4% no dia do anúncio. Procurada, a Bolsa não comentou o assunto. Há motivos para a preocupação dos acionistas? Não muitos. Segundo Mario Pierry, analista do Deutsche Bank, o grosso das receitas da Bolsa vêm justamente da compensação, atividade da qual os neófitos querem distância. “O negócio de transacionar ações, que é o que as outras bolsas querem fazer, responde só por 30% das receitas”, diz ele. Além disso, há outro ponto. A participação de 6% dos negócios nos Estados Unidos possuída pela Direct Edge é equivalente a metade do mercado brasileiro. Ou seja, Bats e Direct Edge teriam de dividir o mercado e expulsar a BM&FBovespa para que a conta fechasse. Qualquer que seja a fatia desejada, essa será uma refeição indigesta.

 

 

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Destaque no pregão


Bom Natal para BR Malls

 

O Jardim Sul vai comemorar o Natal com champanhe da melhor qualidade. O shopping paulistano foi vendido para a BR Malls por R$ 460 milhões. Uma fatia de 40% das ações ficou com o fundo de investimento imobiliário Rubi, da própria BR Malls. A operação traz boas perspectivas para a administradora de shoppings, que espera faturamento de R$ 37,9 milhões no Jardim Sul em 2012 e um retorno de 8,2% sobre o investimento. Para os próximos anos, o retorno sobre a aquisição deve se estabilizar em 10,9%. A BR Malls também adquiriu dois terrenos próximos ao Jardim Sul, por R$ 30 milhões, para futuros projetos de expansão.

 

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Palavra de analista: Foi uma aquisição acertada e cara, avalia Marcos Pereira, analista da corretora Votorantim. Isso deve ser compensado pela gestão, que “aumenta a probabilidade de uma forte reviravolta operacional e que pode resultar em múltiplos financeiros mais favoráveis”. Relatório do Banco Fator recomenda a compra das ações em função da estratégia da companhia de se consolidar no mercado.

 

 

 

Quem vem lá


Geração de energia e de debêntures

 

A diretoria da Duke Energy Geração Paranapanema aprovou a realização da terceira emissão de debêntures pela empresa. O valor da captação, porém, ainda precisará ser definido pelo conselho de administração. Os recursos obtidos serão utilizados para o refinanciamento da primeira emissão de debêntures da companhia, de 2008. Também foi aprovada proposta de redução do capital social no valor de até R$ 300 milhões.

 

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Fique de Olho:  No terceiro trimestre, a dívida líquida da companhia totalizava R$ 557,9 milhões, 74,2% superior ao montante apurado no mesmo período do ano passado.

 

 

 

Educação financeira

 

Em situações complexas, o cérebro busca padrões simplificados que obscurecem outros enfoques melhores para resolver os problemas. Em Pense Duas Vezes – Como Evitar As Armadilhas da Intuição, Michael J. Mauboussin explica o processo mais racional de decisão e garante redução de erros aos investidores. Editora BestBusiness/Record. Preço: R$ 39,90. 

 

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Mercado em números


Braskem


32% - É a economia em energia elétrica calculada pela Braskem ao optar por iluminação em LED na nova fábrica de butadieno, no Polo Petroquímico de Triunfo. A unidade deve entrar em operação em 2012.

 

 

Gradual 


R$ 600 mil - Foi o valor oferecido pela Gradual Corretora de Câmbio à Comissão de Valores Mobiliários para extinção de um processo administrativo. A corretora é acusada de ter executado operações fraudulentas no mercado de valores mobiliários em nome de um cliente, propiciando lucro indevido de R$ 6,2 milhões. 

 

 

Duratex


R$ 482 bilhões - É o valor a ser investido pela Duratex, produtora de painéis de madeira industrializada, louças e metais sanitários, em uma nova fábrica de MDF em Itapetininga, interior de São Paulo. A fábrica terá capacidade de produção de 520 mil metros cúbicos de MDF por ano e funcionará próxima a outra instalação da empresa. A previsão é de que a nova unidade seja entregue no segundo semestre de 2012.

 

 

Aéreas


8,7 milhões – É o número de passageiros que viajaram pela primeira vez de avião no Brasil este ano, até outubro, segundo a Infraero.  Embarques e desembarques cresceram 16,7% no período. 

 

 

 

Pelo mundo


United pesquisa preços de aviões

A United Airlines está em negociações com a Boeing e a SAS Airbus para encomendar 200 jatos para atualizar sua frota de aviões. A companhia aérea pretende fechar o pedido no primeiro semestre de 2012. No dia do anúncio das negociações, quinta-feira 24, as ações da United e da Boeing caíram 3%; as da SAS subiram 2,7%.

 

 

Ações da Netflix desabam 7%

As ações da americana Netflix, que aluga CDs e DVDs pela internet, caíram 7% na terça-feira 22, após a  companhia ter alertado sobre possíveis perdas em 2012. A empresa aumentou preços e perdeu um número significativo de clientes.

 

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Acordo entre Microsoft e Yahoo

A Microsoft está de olho no Yahoo. As empresas assinaram um acordo de confidencialidade pelo qual a gigante de software pode analisar as operações e os balanços do Yahoo. É possível que a Microsoft compre parte da empresa de internet após a análise. Na quinta-feira 24, as ações da Microsoft caíram 1,29% e as do Yahoo, 0,2%.

 

 

 

Personagem


Pine aposta no mercado de dívida

 

As empresas que faturam abaixo de R$ 500 milhões são as meninas dos olhos do Banco Pine. Para fidelizar esse cliente, conhecido como “low corporate”, a instituição quer ir além das operações com derivativos: quer levá-los ao mercado de dívidas, com a emissão de títulos corporativos, como debêntures. Qual é a lógica? Norberto Zaiet Junior, diretor de relações com investidores, explicou a estratégia à DINHEIRO.

 

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Qual a representatividade da venda de derivativos na receita do Pine?

Os derivativos são responsáveis por 25% da nossa receita. Hoje, somos o 15º maior banco do País, mas na venda de operações com commodities somos o segundo. 

 

Os clientes do banco são empresas com possibilidade de abrir capital?

Sim, tanto que criamos o Pine Investimentos. Nossa estratégia é levar empresas desconhecidas do “low corporate” aos investidores, por meio do mercado de dívidas. Depois de a empresa  ficar mais conhecida, ela se torna mais atraente aos fundos de private equity.

 

O mercado de dívida não é muito pequeno no Brasil?

Ainda é, mas com a sinalização da queda da taxa  de juros o  mercado vai crescer. Explico o porquê: hoje, a relação dívida/Produto Interno Bruto é de 39%. Ao longo dos anos, ela vai cair para 30% se os rumos da economia continuarem os mesmos. Isso significa que o mercado de títulos públicos ficará em baixa e os investidores buscarão o mercado de dívidas. 

 

O banco está preparado para as mudanças?

Neste trimestre, o DEG (braço do KFW, o segundo maior banco alemão) adquiriu 3% do nosso capital, o que nos rendeu R$ 43,7 milhões a mais no balanço. Temos um índice de Basileia de 19,6%. Temos bastante folga. 

 

O que fazer com todo esse potencial?

Nosso objetivo é aumentar em 20% a carteira de crédito e ter um relacionamento de longo prazo com o cliente. Para isso, temos recursos. No trimestre, acumulamos R$ 1,4 bilhão em caixa, ou 41% dos depósitos à vista.

 

Com tanto dinheiro em caixa, não dá vontade de fazer aquisições?

Queremos atender os clientes. Mas, claro, olhamos para todas as oportunidades. 

 

 

 

Colaboraram Fernanda Pressinott e Fernando Teixeira