Tudo começou com a necessidade de redução do uso do dinheiro em espécie pela população. Com custo elevado de produção, armazenagem, distribuição e até de destruição, o “dinheiro vivo” representava, em 2019, 77% das transações realizadas pelos brasileiros, de acordo com dados do Banco Central. Incluindo na conta também os gastos com segurança e movimentação de cédulas e moedas pelo Brasil, tudo encarecia os preços dos serviços e produtos bancários, apesar de a população nem perceber.

Esse era o problema original que o Pix iria resolver ao permitir mais transações eletrônicas, segundo técnico do Banco Central. Já na largada, a autoridade monetária acreditava que o novo produto ajudaria a aumentar a eficiência do sistema financeiro ao simplificar, facilitar e baratear uma parte das operações para os consumidores.

Com isso, além da diminuição do uso de dinheiro em espécie, o Pix nasceu com a missão de fomentar a competição no sistema financeiro, incentivar a inovação e viabilizar novos modelos de negócios, inclusive, fora da indústria bancária, aumentar o acesso da população a serviços oferecidos pelos bancos a um custo menor e de forma simples e segura.

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Investigação do Pix

Nesta semana, o meio de pagamento instantâneo foi citado entre os argumentos do presidente americano Donald Trump para justificar uma investigação contra o Brasil por supostas práticas desleais, que prejudicariam empresas dos Estados Unidos. Essas alegações levantaram o debate sobre o impacto do aumento das transações com Pix para as receitas das bandeiras dos cartões de crédito, entre elas as americanas Visa e Mastercard.

“Sim, o Pix concorre com cartões, apesar de não ser o objetivo original, mas os bancos também ganharam mais clientes com a inclusão bancária promovida pelo Pix. Contas foram abertas, novos modelos de negócios criados, sem falar na redução de despesas com transporte e segurança de numerário. Isso não conta?”, questiona.

Sidney Passeri, especialista em meios de pagamento e sócio da SP Consultoria, destaca que o Pix representa um tremendo avanço, “uma revolução que poucos países tiveram na área financeira”. Apesar de reconhecer que a concorrência com cartões, que começou com as operações de débito, evoluiu também para o crédito com o Pix parcelado, avalia que “há espaço para todos”.

O consultor ressalta que muitos consumidores de serviços bancários não abrem mão do cartão de crédito pelas vantagens e benefícios oferecidos, como sistema de pontuação, troca por passagens aéreas e produtos, uso de salas VIP em aeroportos. “Além disso, parte do público não quer ou não tem condições de fazer pagamento à vista e prefere concentrar, num único dia, o pagamento de suas compras, quitando a fatura do cartão”.

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