A valorização do real, que apreciou quase 9% desde o início do ano em relação ao dólar, pode estar perto do limite. Apesar de alguns analistas de mercado revisarem, nos últimos dias, as projeções, apontando para uma cotação de até R$ 5,50 no final deste ano, a volatilidade no mercado americano de títulos é uma ameaça para as moedas das economias emergentes.
Nesta quarta-feira, 21, a cotação do real estava em R$ 5,66. Mesmo dia em que a taxa de juros nas negociações dos títulos de 10 anos do governo dos Estados Unidos rompeu os 4,5% ao ano. Com as dificuldades do presidente Donald Trump nas negociações comerciais internacionais, e com as incertezas sobre a aprovação do pacote fiscal que ele enviou ao Congresso americano, analistas apostam que o custo de rolagem desses títulos pode subir ainda mais, se aproximando dos 5% ao ano nas próximas semanas, prejudicando moedas emergentes como o real.
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Para o mercado, se a taxa de juros desses títulos bater os 5%, o cenário ficará mais complicado para as moedas de países emergentes, como o real. A esse custo, não valeria a pena correr o risco de entrar no Brasil e sofrer os efeitos de uma desvalorização da moeda antes de sair com o investimento. Nesse cenário, o investidor americano vai preferir ganhar 5% ao ano em dólar, mesmo com os 14,75% anuais pagos no Brasil.
Alguns fatores serão determinantes para definir o patamar dos juros dos títulos nos Estados Unidos. A aprovação no Congresso do pacote fiscal do presidente Trump é um deles. Há expectativa de que as medidas anunciadas sejam aprovadas ainda nesta semana. Apesar de considerada impopular, a proposta de tornar permanente o corte de impostos para empresas e para grandes contribuintes, que precisará ser compensada com cortes em áreas como saúde e educação, reforça o discurso político para a base de apoio do presidente.
Além disso, há risco de uma reclassificação da dívida americana por parte de agências internacionais de risco e são grandes as expectativas sobre os dados do desempenho da economia. Empresários, economistas e investidores temem uma recessão nos Estados Unidos. Em julho, o presidente Trump precisará, também, aprovar o novo teto para a dívida pública.
Nesta quarta-feira, 21, o constrangimento imposto na visita oficial do presidente da África Sul criou mais volatilidade no mercado, sinalizando mais dificuldade do governo para fechar os acordos que precisa para reduzir as incertezas comerciais.
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