Em meio ao desgaste político e econômico que se arrasta há uma semana por causa do anúncio do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) teve que administrar mais um fogo amigo nesta quarta-feira, 28. Especulações de que ele poderia ser substituído no cargo pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, agitaram o mercado financeiro. Em Brasília, o boato foi atribuído a colegas de partido que não nutrem simpatia por ele e, além disso, discordam da condução da política econômica.

No Palácio do Planalto, a substituição é descartada, pelo menos neste momento. Na Esplanada dos Ministérios, aliados do ministro tentavam mapear a origem informação – afinal, eles reconhecem que, nas hostes petistas, há visões bem diferentes sobre os rumos da política econômica na gestão Lula-3.

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Chamaram atenção de pessoas próximas do ministro movimentações recentes de Mercadante. Em conversas com o mercado financeiro, alguns o consideraram bastante “saidinho”. Como no episódio em que o presidente do BNDES saiu em defesa do colega petista, mas aproveitou a oportunidade para sugerir a taxação das bets como alternativa ao aumento do IOF.

Ninguém quis “apontar culpados nominalmente”, mas, para interlocutores do governo, há digitais de fogo amigo. O estresse gerado no mercado cambial foi uma demonstração da insatisfação com uma possível troca, o que, para os aliados, fortalece Haddad. A interpretação foi confirmada por especialistas. “Se acham que está ruim com ele, será muito pior sem. Ele está segurando minimamente a gestão fiscal”, defende o executivo de um grande banco de investimento.

“O ministro Haddad tem feito um trabalho correto e os dados da economia mostram isso. Se ele agiu corretamente, por que será trocado?”, defendeu um alto integrante do governo, argumentando que o ministro “mexeu com gente grande”, mas terá todo apoio do partido e do governo.

Na noite desta quarta, a Fazenda divulgou a informação de que já tem como cobrir a perda de quase R$ 2 bilhões em receitas previstas com o aumento da tributação sobre aplicação de fundos de investimento no exterior. Isso ocorreu após o encontro do ministro e de técnicos de sua equipe com o presidente da Febraban, Isaac Sidney, para discutir alternativas à elevação do IOF.

Após a reunião, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que o ministério “está aberto” a discutir medidas com a sociedade, mas sem dar detalhes. Internamente, a Fazenda luta para tentar conter a tentativa de derrubar no Congresso todas as alterações propostas nas alíquotas do IOF.

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