Pouca gente entendeu quando o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse nesta segunda-feira, 4, que pretende levar o Pix para a mesa de conversas com os Estados Unidos, especialmente porque, até então, o governo dizia que o sistema de pagamento era inegociável. Ao PlatôBR, Haddad explicou a referência às transferências instantâneas, feita mais cedo em entrevista à Band News.

“Uma negociação significa concessões mútuas”, afirmou o ministro ao PlatôBR. “O Pix já está sendo aceito em outros países. Os Estados Unidos podem ter interesse em aceitar o Pix lá também”, explicou. Na entrevista concedida antes ao canal de TV, ele destacou que o instrumento de pagamentos instantâneos é um “objeto de desejo” que interessa ao mundo, em especial, diante do avanço das criptomoedas e do receio de “desdolarização”. Segundo o ministro, o Pix tem sido considerado o futuro da moeda digital no mundo e, apesar de o Brasil não ser o único país detentor da tecnologia, saiu na frente dos outros e se tornou referência.

A posição de Haddad reforçando a tese defendida pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, de que a próxima quarta-feira, 6, quando passa a valer o tarifaço de Donald Trump, não é o fim, mas o começo das negociações com os Estados Unidos.

Para o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo, o Pix é um grande avanço. “Muitos países têm inveja do Brasil, apesar de dizerem que o meio de pagamento pode atrapalhar negócios, afirmou o economista. Ele argumenta que o sistema digital é uma moeda de troca “pequena” nas negociações, mas que pode ser um sinal de “boa vontade”.

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Terras raras

Também mencionadas por Haddad entre os temas que podem ser negociados com os Estados Unidos, as terras raras, podem ter um peso maior nas conversas. Essenciais para a transição energética, esses minerais são necessários, por exemplo, na indústria eletrônica e em carros elétricos. Pelas características específicas, funcionam como uma espécie de pó de pirlimpimpim para a indústria.

Usados em pequenas quantidades, eles potencializam as propriedades de outros elementos químicos, aumentando, por exemplo, o magnetismo. Isso ajuda na fabricação de caixas de som e de sistemas de áudio para celulares. Na fabricação do aço, elevam a resistência, permitindo a produção de chapas mais finas e leves usadas na indústria automobilística. O Brasil tem a terceira maior reserva global de terras raras, atrás da China e do Vietnã.

“Podemos fazer parceria para produzir baterias elétricas mais eficientes no Brasil e exportar para os Estados Unidos”, exemplificou o ministro. Haddad ainda aguarda resposta a um convite para se reunir com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que está à frente das negociações com diversos países. O ministro acredita que a conversa deverá acontecer nos próximos dias.

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