Com o aumento de mais um ponto percentual da taxa básica de juros já precificado por analistas, investidores e bancos, o mercado financeiro concentra as atenções, nesta semana, na sinalização que os diretores do Banco Central darão em relação aos próximos meses. O Copom (Comitê de Política Monetária) se reunirá nesta terça, 17, e quarta, 18, para avaliar a conjuntura econômica e, na expectativa dos analistas, ratificar o que já foi previamente anunciado pelo BC para a Selic: os juros subirão de 13,25% para 14,25% ao ano. A dúvida que fica é se os diretores vão parar por aí. Na avaliação da maioria dos analistas, a resposta é não.

Apesar de o Brasil ter uma das maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo, o cenário tabulado nas projeções do mercado mostra uma combinação de inflação ainda em alta, com piora nas expectativas dos agentes econômicos, crescimento forte do PIB e incertezas fiscais. Esses são indicadores-chave para o Banco Central – agora sob o comando de Gabriel Galípolo, escolhido pelo presidente Lula – definir os próximos passos da política monetária.

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A inflação acumulada no período de doze meses encerrado em fevereiro está em 5,06%, bem acima do centro da meta de 3% e, também, estourando o teto de 4,5%. E, além dos alimentos, o setor de serviços tem contribuído para essa alta. Funcionando como uma espécie de termômetro da demanda interna, esse segmento acumula alta de preços de 5,32% no mesmo período, refletindo um mercado de trabalho mais aquecido.

Além disso, pesa contra uma mudança na política de aumento dos juros o fato de as expectativas em relação ao futuro continuarem se deteriorando. Pesquisa feita semanalmente pelo BC aponta que a projeção de inflação para 2025 é de 5,6%, estourando o limite fixado. As previsões para o crescimento do PIB começam a mostrar desaceleração. No entanto, as medidas de estímulo ao consumo dadas pelo governo jogam no sentido oposto e ainda não se sabe o efeito real que terão na economia.

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