15/07/2025 - 8:27
Com duas reuniões marcadas para tratar do mesmo tema no mesmo dia – uma em Brasília, com o envolvimento de oito ministros, e outra em São Paulo, convocada pelo governador oposicionista Tarcísio de Freitas (Republicanos) -, representantes do empresariado se veem diante de um dilema. “Em que reunião eu vou?”, desabafou um alto um executivo de um dos setores mais afetados pela política protecionista do presidente americano Donald Trump. “Parece brincadeira isso”, emendou.
Tarcísio disputa o protagonismo nas negociações com os Estados Unidos na tentativa de reverter o prejuízo político amealhado por se posicionar a favor da taxação americana, articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, e que afeta em cheio o setor industrial – em especial o paulista, uma vez que São Paulo tende a ser o estado brasileiro mais prejudicado caso a tarifa anunciada por Trump entre mesmo em vigor.
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Também empenhado em reagir às medidas anunciadas por Trump diante do desespero de parte do empresariado, o governo Lula corre para mostrar que está trabalhando no tema e, mais do que nunca, tem pressa. O presidente Lula pretende participar pessoalmente das conversas com empresários, convidados a participar de um comitê criado pelo Planalto para avaliar as sobretaxas.
Em reunião com ministros, o próprio Lula recomendou “firmeza e sobriedade” nas negociações com os Estados Unidos. O governo sabe que o ritmo da diplomacia é diferente do político, mas entende que é preciso mostrar que não está parado. A criação do comitê interministerial para debater alternativas com o setor empresarial tem, inclusive, um efeito colateral positivo para Brasília: é uma forma de o Planalto se aproximar de alguns setores da economia e tentar restabelecer relações.
Segundo explicou o vice-presidente Geraldo Alckmin, o comitê será coordenado pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que o próprio Alckmin comanda) será composto também pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda). A depender do tema, outros ministros serão convocados. A ideia, com isso, é contar com diferentes visões sobre o tema e, também, reforçar contatos com empresários americanos e entidades do país.
Para a reunião do governo federal, pela manhã, foram convidados empresários dos setores de aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, móveis e autopeças. Às 14 horas, haverá uma nova rodada de conversas, desta vez com executivos do agronegócio (suco de laranja, carne, frutas, mel, couro e pescado). A reunião de Tarcísio de Freitas foi convocada também para a manhã desta terça.
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