O tarifaço imposto pelos Estados Unidos entra em vigor nesta quarta-feira, 6, sem que o governo brasileiro tenha apresentado o conjunto de medidas que prometeu para socorrer os exportadores prejudicados pelo protecionismo americano. Esse tema dominou os debates da reunião desta terça-feira, 5, CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável), um órgão consultivo formado por representantes de todos os setores produtivos e conhecido como Conselhão. Lula participou do encontro, que contou com a presença de cerca de 300 integrantes do colegiado.
As discussões expuseram um sentimento de indignação dos conselheiros com as medidas determinadas pelo governo Trump e destacaram a necessidade de defesa da soberania do Brasil. Lula reafirmou a intenção de socorrer os setores afetados. “Vamos colocar em execução um plano de contingência para mitigar esse ataque injusto. Vamos proteger os trabalhadores e as empresas afetadas”, disse o petista.
O fato de Lula não detalhar as ações elaboradas pela equipe econômica desagradou o empresariado. A diretora da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas), Priscila Nasrallah, por exemplo, pediu que o governo “olhe com carinho” para o setor que, em 2024, exportou 77 mil toneladas de frutas para os Estados Unidos e que tem no mercado americano um destino-chave. “A fruta é perecível e está lá para ser colhida”, destacou a empresária, enfatizando que a abertura de novos mercados nessa área é um caminho com resultados para o médio prazo.
O setor está no grupo dos 2% das exportações brasileiras que, segundo cálculos do ministro Fernando Haddad (Fazenda), serão afetadas com as medidas dos Estados Unidos. Segundo ele, 12% das vendas brasileiras para o exterior têm como destino os Estados Unidos. Desse total, 4% são afetados pelo tarifado, sendo que para mais de 2% desse total será possível encontrar outra destinação e, portanto, não deverão apresentar prejuízo aos empresários.
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Sem impacto fiscal
“Não é porque 2% ou 1,5% das exportações serão afetadas que nós vamos baixar a guarda, porque sabemos que aí estão setores muito vulneráveis, que geram muito emprego e que exigem uma atenção especial da nossa parte, que vai ser dada”, afirmou o ministro. “O presidente dispõe dos instrumentos que serão utilizados para socorrer essas famílias prejudicadas por uma agressão que já foi chamada de injusta, indevida, não condizente com 200 anos de relação fraterna com os EUA”.
Segundo Haddad, o pacote de ajuda não terão impacto fiscal. Uma preocupação da equipe é evitar ficar refém da ajuda, como já aconteceu no passado. Por isso, subsídios e incentivos estão sendo calibrados de forma a poderem ser retirados assim que a situação se normalizar.
Entre os participantes do encontro estavam ministros e representantes de centrais sindicais de trabalhadores e de setores com peso significativo na economia do país, como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
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