A divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), na semana passada, pela Organização das Nações Unidas (ONU) trouxe duas boas notícias e pelo menos uma negativa para o Brasil. Primeiro, as boas-novas. O País está acima de seus parceiros emergentes do grupo dos Brics (com exceção da Rússia) e apresenta um índice de crescimento bem acima da média nas últimas décadas. A má notícia é que o Brasil aparece quase estagnado no ranking de 187 países avaliados pelo organismo. Na 84ª colocação, cresceu apenas uma posição frente ao ano passado. 

88.jpg
Favela no Rio: apesar de melhora na renda, baixa escolaridade freia o desenvolvimento 

O IDH é um índice que mede a qualidade de vida a partir de três variáveis: saúde, educação e renda. O número vai de 0 a 1 e, quanto mais elevado, melhor. Os países avaliados são divididos em quatro grupos, de acordo com sua “nota”: desenvolvimento muito alto, alto, médio e baixo. O Brasil está classificado entre os países de alto desenvolvimento. Apesar do nome imponente, também figuram nessa lista nações como Seychelles, Belize e Tonga, além dos parceiros latino-americanos como México, Cuba, Uruguai e Peru. Os vizinhos Argentina e Chile já conseguiram entrar para a tropa de elite, a dos países de desenvolvimento muito alto. “O ranking é como uma corrida”, diz Paulo Sandroni, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Avançamos bastante nos últimos anos, mas vários outros países também melhoraram junto.” Isso significa que a posição relativa do Brasil ficou estacionada no ranking.  

Em uma análise de longo prazo, no entanto, o desempenho do Brasil é positivo. Entre 1980 e 2011, o crescimento anual médio do País foi de 0,87%. No mesmo período, a América Latina teve aumento médio de 0,73% e os países de alto desenvolvimento subiram 0,61%. Nestas três décadas, a expectativa de vida no Brasil aumentou em 11 anos, para 73,5 anos, e a renda per capita bruta teve elevação de 40%, chegando a US$ 10.162. Já o tempo de escolaridade, que chegou a 7,2 anos, ainda deixa a desejar. A maioria dos países desenvolvidos tem esse número acima de dez anos. “A educação é, de longe, nosso ponto fraco”, diz Márcia Pedrosa, professora da BBS Business School. “Não só temos muito menos tempo de escolaridade como nossa qualidade é inferior.”  

 

89.jpg