06/10/2022 - 8:18
Pobreza absoluta eliminada, aumento da renda, programa espacial ambicioso e conscientização sobre o meio ambiente: a China de Xi Jinping pode se gabar de importantes progressos nos últimos dez anos, embora com algumas nuances.
– Extrema pobreza erradicada –
Em um país que viveu na miséria por muito tempo, esse é um marcador crucial para a legitimidade do Partido Comunista.
Dos 770 milhões de chineses em extrema pobreza em 1978, o país passou para 82 milhões em 2013 e 6 milhões em 2019, de acordo com o Banco Mundial, saudando uma ritmo “sem precedentes na história”.
O governo afirma ter chegado a zero até o final de 2020.
As autoridades locais foram de casa em casa para determinar as condições de vida, a quantidade de gado e o nível de escolaridade.
A decolagem econômica, com crescimento médio anual de 8,2% entre 1978 e 2020, permitiu o surgimento de empregos não agrícolas melhor remunerados.
Entre 2013 e 2021, as autoridades afirmam ter investido 1,6 trilhão de yuanes (cerca de 225 milhões de dólares) contra a pobreza com projetos como a construção de estradas, casas e infraestruturas.
– Programa espacial –
A China diminuiu em grande parte a distância com os Estados Unidos e a Rússia.
Em 2013, um robô conseguiu pousar na Lua. Em 2019, colocou outro no lado oculto do satélite, o primeiro artefato criado pelo homem a fazê-lo.
Em 2020, trouxe amostras lunares e finalizou o Beidou, seu sistema de navegação por satélite cuja intenção é competir com o GPS americano.
Depois de enviar seu primeiro robô a Marte no ano passado, a China deve concluir sua estação espacial este ano.
– Enriquecimento dos chineses –
Entre 2013 e 2020, a renda média disponível por família urbana aumentou de 26.467 yuanes (3.720 dólares) por ano para 43.834 yuanes (6.160 dólares), segundo o escritório nacional de estatísticas.
Nas famílias rurais, cresceu 82%, para 17.132 yuanes (2.410 dólares).
Sinal de enriquecimento, nos domicílios urbanos o número de carros (de 0,22 para 0,45) e celulares (de 2,17 para 2,49) também aumentou entre 2012 e 2020.
A maioria dos jovens desfruta de uma vida cultural e esportiva mais rica do que a de seus pais.
Mas os custos da habitação quadruplicaram entre 2013 e 2020, fazendo com que o poder de compra caísse.
Em 10 anos, “houve um aumento muito significativo na renda dos trabalhadores migrantes”, camponeses que vieram trabalhar nas cidades, diz Jean-Louis Rocca, especialista em movimentos sociais chineses da Universidade SciencesPo, em Paris.
“Mas com o aumento dos aluguéis, o custo da educação, a necessidade de se vestir de uma nova forma para se integrar, a situação deles, que melhorou nas cidades médias, estagnou ou piorou nas grandes metrópoles”, acrescenta.
– Combate à corrupção –
Autoridades, membros do Partido, generais, dirigentes de empresas públicas, bancos… entre 2012 e 2022, foram emitidas 11,3 milhões de repreensões por casos menores e 4,7 milhões de pessoas foram investigadas por acusações graves de corrupção, segundo a comissão disciplinar nacional.
Pelo menos 1,5 milhão de casos terminaram em sanção, algumas vezes disciplinar, mas em outras com pena capital.
A “frugalidade” prevaleceu na administração: menos banquetes e bebidas caras, por exemplo.
Celebrada pela opinião pública, esta campanha também ajudou Xi Jinping a eliminar adversários políticos.
– Meio ambiente –
Pequim assinou o acordo climático de Paris em 2016. Em 2020, Xi Jinping prometeu que seu país atingirá o pico de suas emissões de carbono até 2030 e se tornará neutro em carbono até 2060.
Grupos ambientalistas pediram à China, o maior emissor mundial de gases de efeito estufa, que aja mais rapidamente para cumprir a meta de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Depois de ignorá-la ou minimizá-la por muito tempo, o Ministério do Meio Ambiente começou a publicar dados precisos sobre a poluição atmosférica em 2012.
A concentração no ar de partículas muito finas e perigosas para a saúde caiu 34,8% na China entre 2015 e 2021, segundo o ministério. A capital chinesa tornou-se muito mais respirável.
A coleta seletiva de resíduos também está avançando (obrigatória em Xangai desde 2019) e o gás substitui o carvão no aquecimento.
No entanto, na ausência de uma alternativa imediata, a China anunciou que continuará aumentando seu uso de carvão nos próximos anos, o que coloca em risco o cumprimento de seus objetivos climáticos.
– Transportes –
O comprimento de sua rede ferroviária de alta velocidade quadruplicou de 9.300 para 40.000 quilômetros entre 2012 e 2021.
Em dez anos, foram construídos 82 aeroportos civis, elevando o total nacional para 250. E o número de passageiros dobrou entre 2012 e 2019.
Apesar de caras, essas infraestruturas facilitaram a circulação, dinamizando a economia e o desenvolvimento da região oeste do país, menos favorecida.