O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, disse nesta quarta-feira, 9, que é preciso pensar em um novo modelo de modernidade, já que as estruturas que foram comandadas pelo Ocidente nos últimos séculos estão “colapsando” e não podem ser utilizadas pelos países do Sul global. As declarações foram feitas durante a participação de Pochmann em um dos painéis do evento “Dilemas da humanidade: perspectivas para a transformação social”, que aconteceu no Sesc Pompeia, em São Paulo.

Durante a exposição, o presidente do IBGE apontou que o conceito ocidental de progresso nos últimos 500 anos se baseou em três pilares: o poder das armas; a exploração da natureza como fonte ilimitada de recursos e a explosão demográfica. Todos esses três fatores, segundo Pochmann, não podem ou não conseguem se manter na sociedade atual.

Por conta disso, diz ele, a visão predominante que vem do Norte global hoje é de uma falta de perspectiva e de “cancelamento do futuro”. “Isso gera o domínio do curto prazo, enquanto o planejamento de médio e longo prazo praticamente desaparece, porque a política se subordina cada vez mais aos interesses econômicos”, avalia o presidente do IBGE.

Ele acrescenta que isso impõe uma necessidade de reflexão para encontrar alternativas que não podem ser a repetição desse passado. “O Norte não tem nada a nos ensinar. Nosso futuro não passa pelos Estados Unidos ou Europa”, disse.

Durante sua fala, Pochmann também mencionou que, atualmente, com o avanço da economia digital em detrimento de uma configuração industrial, a armazenagem e tratamento de dados têm ganhado cada vez mais importância. “São pouquíssimos países do mundo que têm soberania sobre seus próprios dados. A maior parte não controla suas próprias informações”, detalhou o presidente do IBGE, dizendo que o Sul global também precisa pensar em uma alternativa para a questão.