O vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Philip Jefferson, afirmou nesta segunda-feira, 9, que pode ser cedo para “garantir” que o BC dos EUA apertou sua política monetária o suficiente para garantir que a inflação retornará à meta de 2%. Ao mesmo tempo, ele comentou que os riscos de fazer pouco ou em demasia na política monetária estão agora mais equilibrado.

O dirigente falou em evento da Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe), no qual comentou também que levará em conta os indicadores e também os níveis dos juros dos Treasuries, em suas próximas decisões.

Com voto nas decisões de política monetária, Jefferson enfatizou a necessidade de “proceder com cuidado”, no quadro de maior equilíbrio entre os riscos.

Segundo ele, nos últimos meses a inflação traz sinais “encorajadores”, mas “continua muito elevada”. Ele comentou que é possível dividir as tendências do núcleo da inflação em três grandes categorias: a primeira, o núcleo da inflação em bens, que tem desacelerado bastante; a segunda, a de serviços em moradia, que tem claramente caído; e a terceira categoria, do núcleo de serviços, exceto o setor imobiliário, que tem ainda avançado. Segundo ele, o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) deve desacelerar mais, conforme o mercado de trabalho fica mais equilibrado.

Jefferson disse que apesar do payroll “forte” da semana passada, relativo a setembro, há evidência de que o desequilíbrio entre a demanda e a oferta por trabalho continua a diminuir. Ao mesmo tempo, “o mercado de trabalho continua apertado”, admitiu. Ele também apontou a desaceleração inflacionária em quadro de desemprego ainda em níveis baixos, o que pode significar que será possível restaurar a estabilidade de preços sem alta substancial no desemprego em geral acompanhada por ciclos de aperto “significativo” anteriores.

Os indicadores, por sua vez, apontam até agora para “crescimento econômico sólido no terceiro trimestre”, apontou Jefferson. A economia se mostra resistente, mas há “múltiplos riscos”, como os de alta para a inflação. Ele mencionou o risco de “altas inesperadas nos preços de energia”, mas comentou que está mais concentrado no núcleo da inflação. Ao mesmo tempo, notou que o aperto monetário já adotado ainda não se refletiu de todo na economia.

O dirigente vê riscos de alta à inflação, bem como de baixas “importantes” para a atividade, como a desaceleração no exterior. A economia da China “parece ter perdido impulso, conforme piora a atividade imobiliária, e outros indicadores, entre eles as vendas no varejo, parecem sugerir fraqueza na atividade”, afirmou. Na Europa, os níveis da indústria e de serviços estavam em território de contração recentemente.

Jefferson disse que atuará com cautela ao avaliar a necessidade de aperto monetário adicional. E mencionou o avanço recente nos juros dos Treasuries de longo prazo. Em parte, isso pode refletir a avaliação de impulso maior na economia. Mas o avanço dos retornos pode ser também uma mudança de atividades dos investidores em relação a riscos e incertezas. Ele disse que estará atento ao aperto nas condições financeiras, e manterá isso em mente nas suas decisões, ao lado dos indicadores.