22/01/2016 - 15:06
O líder do partido de esquerda radical Podemos, Pablo Iglesias, propôs nesta sexta-feira a formação de um governo com o Partido Socialista (PSOE), colocando a esquerda um pouco mais perto do poder na Espanha, depois das eleições de 20 de dezembro.
Iglesias afirmou à imprensa que comunicou ao rei Felipe VI “nossa vontade de formar um governo de mudança com o PSOE e a Esquerda Unida (IU, eco-comunistas)”, ao mesmo tempo em que pediu para exercer a vice-presidência do potencial governo.
Sua proposta foi recebida com certa reticência pelo líder socialista, Pedro Sánchez, que considerou que primeiro é preciso falar de programa e de políticas, mas admitiu que é importante tentar alcançar um acordo.
“Os eleitores do Podemos não compreenderiam, assim como os eleitores socialistas, o fato de não nos entendermos”, declarou Sánchez, que reiterou sua oposição a empossar o chefe de governo em fim de mandato, o conservador Mariano Rajoy.
Iglesias não havia revelado até agora sua posição, que parece abrir caminho para uma aliança de esquerdas na Espanha, à imagem da que chegou ao poder em Portugal em novembro.
A oferta do Podemos parece mais viável pelo fato de que aparentemente abandonou a exigência de um referendo de autodeterminação na Catalunha (nordeste) como condição para apoiar os socialistas, que se opõem à consulta.
No entanto, matizou que “defendemos que na Catalunha seja feito um referendo, entendemos que esta proposta precisa ser colocada em discussão com outras” nas eventuais negociações com os socialistas.
As eleições legislativas de 20 de dezembro deixaram um Parlamento muito fragmentado. O Partido Popular, no poder desde 2011, obteve apenas 28,7% dos votos, e com seus 119 assentos enfrenta grandes dificuldades para formar um governo, embora Rajoy tenha mostrado sua disposição em ser o primeiro a se submeter a uma sessão de investidura.
Diante disso, o Partido Socialista (22% dos votos e 89 deputados) descartou desde o início um acordo com o PP, e mostrou sua predileção por uma aliança com o Podemos e seus aliados (20,6%, 65 deputados), e com os dois deputados do Esquerda Unida, o que daria a esta aliança 156 assentos.
No entanto, a aliança de esquerdas também precisaria do apoio de nacionalistas catalães ou bascos, caso os 40 deputados centristas do Cidadãos – que por enquanto se inclinam à abstenção – decidam apoiar ativamente Rajoy e seus 119 legisladores.
Iglesias pediu “responsabilidades de governo centrais e fundamentais” como Assuntos Exteriores ou um novo ministério de “plurinacionalidade” para sua formação, assim como a entrada no executivo do IU.
O líder do Podemos pediu a aprovação de medidas de ajuda social, com o objetivo de, entre outras coisas, frear os despejos e dar suporte aos desempregados, assim como medidas de luta contra a corrupção, uma reforma da justiça e do sistema eleitoral.
Iglesias e Sánchez se reuniram pela manhã com o rei Felipe VI, no âmbito da rodada de consultas realizadas pelo monarca para propor um candidato para formar um governo.
Após estes encontros, o rei se encontrará com o chefe de governo em fim de mandato, Mariano Rajoy.
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