16/01/2018 - 19:08
As polêmicas declarações de um dos candidatos da direita nas eleições da Itália, que pede a defesa da “raça branca”, provocaram indignação no país.
“Temos que votar sim à nossa etnia, sim à nossa raça branca, se nossa sociedade deve continuar existindo ou se deve ser eliminada. Se vamos aceitar todos, deixaremos de ser uma realidade social, uma realidade étnica”, disse no domingo Fortilio Fontana, um dos favoritos ao cargo de governador da próspera região da Lombardia e membro da Liga Norte, partido xenófobo.
As palavras de Fontana geraram indignação e polêmica, já que se trata do candidato da aliança de centro direita, atualmente no poder na região, e que conta com o apoio da Força Itália, partido de Silvio Berlusconi.
“Foi um erro, um equívoco de retórica”, se desculpou Fontana nesta terça-feira, após recordar que a Constituição cita a existência de “raças” na Itália.
A Constituição aprovada ao final da Segunda Guerra Mundial de fato utiliza a palavra “raça” no artigo que estabelece a igualdade entre todos, sem distinção, como uma forma de condenar as chamadas “leis raciais” aprovadas durante o fascismo e dirigidas especialmente contra os judeus.
A chegada de milhares de imigrantes ilegais à Itália tem gerado todo tipo de xenofobia, e levou este ano a acordos firmados com a Líbia para deter o fluxo de emigrantes ilegais que atravessam o Mediterrâneo em busca de uma vida melhor.
Berlusconi lamentou “a expressão infeliz”, mas advertiu que “os falsos bons sentimentos(…) e a pressão de ondas incontroláveis de migração podem minar as bases da nossa sociedade”.
O líder da Liga Norte, Matteo Salvini, avaliou que a Europa está “sob ataque” e corre o risco de perder sua cultura e suas tradições. “Nossa forma de vida está ameaçada, uma invasão está em andamento, não é um problema da cor da pele, mas de séculos de história que podem desaparecer com a islamização”.