A medalha de prata conquistada por Kelvin Hoefler no skate street dos Jogos Olímpicos de Tóquio revelou um racha na Confederação Brasileira de Skate (CBSK). Companheiros skatistas que não comemoraram o pódio do brasileiro e acusações de favorecimento vieram à tona.

Entenda o que aconteceu e como a polêmica pode fornecer valiosas lições sobre gestão de carreira e como lidar com desafios e conflitos profissionais.

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1 – Aprenda a lidar com conflitos no ambiente de trabalho

FATO: Tudo começou quando a skatista Letícia Bufoni gravou um vídeo dizendo que não comemorou tanto a medalha de Hofler pois ele não era tão próximo aos atletas brasileiros. “Infelizmente, ele não gosta de estar com a gente”, declarou.

LIÇÃO: O ambiente profissional nem sempre será da maneira ideal: solidário, receptivo e cooperativo. Para lidar com conflitos no ambiente de trabalho, é essencial desenvolver autoconhecimento e inteligência emocional, além de fomentar um relacionamento saudável.

“É importante conhecer a si mesmo, saber seus pontos fortes, o que você quer para sua carreira. Em segundo lugar, a partir do momento em que conheço colegas de trabalho, posso ser empático, entender a demanda do outro e valorizar o relacionamento com os outros”, afirma Eliane Ramos, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).


2 – Saiba driblar sua insegurança e o desprestígio do chefe

FATO: Os pais de Kelvin desabafaram e criticaram a CBSK em postagem da entidade no Instagram: “Vocês vão respeitar nosso filho agora ou vão continuar menosprezando? É nítido o que vocês estão fazendo. É uma vergonha o que vocês fazem com meu filho”. Reportagem do UOL informa que a confederação concedia privilégios a alguns atletas em detrimentos de outros, como acesso a treinadores próprios e a familiares. A entidade teria liberado a participação de Bufoni nos X-Games, mas proibido Hoefler e Pamela Rosa de disputarem a competição.

LIÇÃO: Não são anormais as situações em que um profissional sinta-se desprestigiado em uma empresa em relação a colegas de trabalho. No entanto, é importante aprender a lidar com as próprias inseguranças. Por outro lado, cabe à empresa uma gestão de pessoal competente, fazendo com que seus funcionários sintam-se pertencentes e motivados a se superarem.

“O pertencimento advém de senso de justiça organizacional. Há revolta quando não há senso de justiça organizacional. Se há favoritismo para um, como fica o outro?”, argumenta a psicóloga Marineide de Oliveira Aranha Neto, professora do Mackenzie de Gestão de Pessoas. “O conflito mal resolvido tem um preço. A organização pode perder um talento”.

3 – Trabalhe a melhor forma de se comunicar

FATO: Kelvin Hoefler foge da polêmica, ameniza a situação, diz que cresceu junto com Letícia Bufoni e que “ela não foi feliz nas declarações”.

LIÇÃO: As situações de conflito no ambiente profissional são inevitáveis. É importante, contudo, preocupar-se com a comunicação para buscar soluções e conseguir se adaptar às situações.

“É importante posicionar-se olhando para si. A gente precisa ser mais adaptável e não pode querer ter o controle de tudo, se não só aumenta o estresse. A gente precisa de resiliência e buscar a melhor forma para se reinventar, gerenciar as próprias emoções, saber o momento certo e qual briga vale a pena comprar”, afirma Ramos.


4 – Pense coletivamente e se dê bem no trabalho em equipe

FATO: Ainda botando panos quentes no imbróglio, Hoefler faz uma publicação em rede social e marca a CBSK – Bufoni havia dito que ele teria bloqueado a confederação no Instagram e que a mesma não conseguiria marcá-lo em postagens.

LIÇÃO: A resolução de conflitos é essencial à produtividade de uma empresa. O trabalho em equipe é decisivo para performance e confiança, então é importante pensar coletivamente.

“Se levaram a público o descontentamento, significa que há conflito interno – até esse conflito no skate poderia ter se tornado algo positivo. Não sendo, pensa-se no custo do conflito: qual a conta? Talvez pudesse ser o ouro, e isso é responsabilidade dos gestores. Se foi prata se sentindo isolado, como seria se tivesse se sentido parte da equipe? Isso é performance”, ressalta Aranha Neto.


5 – Cresça sem passar uma imagem ameaçadora ou atiçar a inveja alheia

FATO:
Muitas das acusações acabaram voltando-se contra o presidente da CBSK, Duda Musa, que assumiu o cargo com a saíde do skatista Bob Burnquist, atual comentarista dos Jogos Olímpicos. Burnquist defendeu o sucessor: “Skate cresceu e o megafone apareceu. Galera tem que tomar cuidado com o que fala”, disse em transmissão da TV Globo.

LIÇÃO: O sucesso e a visibilidade de uma pessoa em uma empresa pode gerar desconforto de colegas e até de chefes que possam eventualmente sentir-se ameaçados. No entanto, o fomento desse sentimento prejudicial à performance de uma equipe está relacionada à gestão estratégica e à liderança.

“O lugar de destaque nem sempre é o motivo do conflito. Uma gestão estratégica deixa claros os critérios. Se alguém é recompensado, o motivo deve ficar claro e transparente. O conflito existe quando alguém se destaca e os critérios não estão claros. O modelo de gestão de pessoas precisa ser claro e transparente”, finaliza Aranha Neto.