17/04/2025 - 19:39
Grupo ocupou um auditório da Universidade Humboldt, em Berlim, em protesto contra deportação de ativistas pró-palestinos – três deles, cidadãos da UE. Corporação diz que foi agredida com fogos de artifício.Após dissolver a ocupação de um auditório da Universidade Humboldt de Berlim, em protesto contra uma ofensiva para deportar manifestantes pró-palestinos – três deles, cidadãos da União Europeia –, a polícia alemã anunciou nesta quinta-feira (17/04) a abertura de 100 investigações criminais.
A ocupação, da qual participaram 89 pessoas, foi montada na véspera e durou apenas algumas horas antes de ser dissolvida pelos agentes. Eles precisaram romper uma barricada.
A corporação disse investigar uma série de suspeitas de crimes, como invasão, séria perturbação da paz pública e uso de símbolos associados a organizações terroristas ou inconstitucionais.
A polícia também afirma que seus agentes foram agredidos pelos manifestantes com um líquido incerto – possivelmente urina – e fogos de artifício.
A administração da universidade alega ainda que o auditório ocupado foi vandalizado, e calcula danos em torno de 60 mil a 100 mil euros.
Tensões são reflexo da guerra em Gaza
A capital alemã tem sido palco de protestos frequentes contra a ofensiva militar israelense em Gaza. Mas acampamentos de estudantes têm ocorrido por todo o país, seja dentro das universidades ou nas proximidades delas.
A polícia tem frequentemente reagido aos protestos com excessiva dureza, o que tem rendido críticas à Alemanha.
O governo alemão também tem sido criticado por seu apoio a Israel. Na quarta-feira, os manifestantes mencionaram o “apoio inabalável a ações de Israel na Palestina que afrontam o direito internacional”.
Mas a ocupação desta quarta-feira era também um ato de protesto contra os esforços das autoridades berlinenses para deportar quatro estudantes que participaram de protestos pró-palestinos na Universidade Livre de Berlim.
Os quatro – dois cidadãos irlandeses, um polonês e um americano – são acusados pela polícia de envolvimento em protestos “violentos” ocorridos em 17 de outubro de 2024. A corporação alega que eles ameaçaram funcionários da universidade com machados e porretes.
Os estudantes, porém, não foram condenados por nenhum crime.
Os dois irlandeses e o polonês tiveram revogado seu direito à liberdade de ir e vir na UE. Um tribunal, porém, deu recurso favorável a um cidadão irlandês, o que significa que ele não poderá ser deportado.
Por que a universidade acionou a polícia
A ocupação da quarta-feira terminou quando a administração da Humboldt pediu ajuda à polícia, alegando ter avistado faixas que “negavam o direito de existência do Estado de Israel”. Cerca de 350 agentes participaram da ação.
Após várias horas, a polícia conseguiu entrar no auditório e conduzir 89 pessoas para fora. Outras 120 pessoas teriam acompanhado o protesto na rua.
Por causa do Holocausto, a Alemanha considera que tem a obrigação moral de proteger judeus e o direito de existência de Israel.
“Quem ataca agentes com fogos de artifício e urina não está só abandonando a área do protesto legítimo, mas também se afastando da aceitação social”, disse um representante da polícia em resposta à operação de quarta-feira.
ra (dpa, AFP, ots)