As forças de segurança iranianas dispersaram neste sábado (17) uma manifestação com gás lacrimogêneo no noroeste do país, após a morte de uma mulher detida em Teerã pela polícia da moral, informou a imprensa local.

Mahsa Amini, de 22 anos, foi detida na terça-feira (13) pela unidade especial da polícia responsável por observar o cumprimento do rígido código de vestimenta imposto às mulheres iranianas, como a obrigatoriedade de cobrir os cabelos.

A televisão estatal anunciou na sexta-feira (16) a morte da jovem, que ficou três dias em coma.

Segundo a agência de notícia Fars, ela foi enterrada neste sábado em sua cidade natal Saqqez, na província do Curdistão.

Após o funeral, pessoas “gritaram e exigiram investigações sobre o caso”, afirmou a mesma fonte.

“Os manifestadores se reuniram em frente ao gabinete do governador”, antes de serem “dispersados pelas forças de segurança que dispararam gás lacrimogêneo”.

A televisão estatal exibiu na sexta-feira trechos de um vídeo em que várias mulheres aparecem dentro de uma sala, em uma delegacia de polícia. Uma delas, apresentada como Mahsa Amini, levanta-se para discutir com uma “oficial” e depois desmaia.

Em outro trecho, os serviços de emergência transportam o corpo da mulher em uma ambulância.

A polícia do Teerã confirmou na sexta-feira a morte e afirmou que “não houve contato físico” entre os agentes e a jovem.

A presidência iraniana anunciou que o presidente Ebrahim Raisi atribuiu a investigação do caso ao ministro do Interior.

O diretor do serviço forense do Teerã declarou que as investigações sobre a morte da mulher estão em andamento, mas levariam três semanas.

A morte de Mahsa Amini acontece em meio a debates sobre a conduta da polícia moral, que patrulha os espaços públicos para comprovar a aplicação da lei do véu e outras regras islâmicas.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, a lei em vigor no Irã exige que as mulheres, iranianas ou estrangeiras, independente de sua religião, saiam com o véu na cabeça.

No entanto, nos últimos 20 anos as mulheres no Teerã e outras grandes cidades deixam cada vez mais uma parte significativa de seus cabelos visíveis, apesar do véu.