16/07/2025 - 7:57
A delegada Liliane Doretto, do 8° Distrito Policial de São Bernardo do Campo, cidade do ABC paulista, informou que a polícia vai pedir a prisão preventiva do padrasto do jovem Lucas da Silva Santos, de 19 anos, por causa de contradições apresentadas em depoimentos dados à investigação.
A vítima foi internada em estado grave no Hospital de Urgência na última sexta-feira, 11, depois de comer bolinhos supostamente envenenados. A suspeita é de que o alimento tenha sido entregue por Admilson Ferreira dos Santos, padrasto do garoto. O caso é investigado como tentativa de homicídio.
De acordo com a Prefeitura de São Bernardo, Lucas está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e apresenta quadro clínico estável, com suporte ventilatório e vigilância neurológica.
“Eu vou representar pela prisão dele (…). (Ele é o principal suspeito) por conta de várias controvérsias e inconsistências no depoimento”, disse Liliane em entrevista à imprensa na tarde desta terça-feira, 15.
Uma das suspeitas de cometer o crime era a tia de Lucas, irmã de Admilson. O homem teria acusado a irmã de dar os bolinhos, e dito que ambos não tinham uma boa relação. A investigação, no entanto, não aponta para isso, segundo a delegada.
“O tempo todo ele tentou colocar a culpa na irmã, dizendo que ela ofereceu os bolinhos, mas não é verdade. Há áudios mostrando que foi ele quem pediu. É ele quem entrega os bolinhos pessoalmente para cada um da família”. A reportagem não localizou a defesa de Admilson.
Liliane afirma ainda que Lucas e o padrasto tinham uma relação próxima, mas que o jovem estaria perto de mudar de endereço após conhecer uma pessoa. “Isso acarreta, dispara algum alerta no Admilson de posse e acho que ele se viu desesperado ao ver que poderia perdê-lo”, informou Liliane.
De acordo com a delegada, ele estava perturbado e confuso nos depoimentos que deu às autoridades. “As falas estavam tumultuadas com medo de perder o Lucas”, disse.
Segundo Liliane, existe a possibilidade de o padrasto estar apaixonado por Lucas. “Eu creio que seja um crime passional”, afirmou. “Eu não sei se ele queria dar um susto ou evitar a ida do Lucas para outra cidade. Fato é que Lucas foi sim envenenado e está na iminência de ir a óbito”, destacou a delegada.
Liliane Doretto disse ainda que não sabe qual substância exata foi usada para contaminar o bolo que fez o jovem passar mal. A investigação aguarda o laudo técnico da perícia.
É possível, segundo ela, que o alimento consumido possa ter sido contaminado com um remédio “tarja preta”, de uso controlado, mas não descarta também o uso de chumbinho. “Precisamos do laudo para ter certeza”.