06/08/2022 - 15:47
Por Alkis Konstantinidis e Horaci Garcia
KRAMATORSK, Ucrânia (Reuters) – Quando a noite cai na cidade ucraniana de Kramatorsk, a apenas 20 quilômetros da linha de frente com a Rússia, policiais cruzam as ruas escuras e vazias, procurando por infratores do toque de recolher, ladrões e espiões.
As 65.000 pessoas que permanecem na cidade industrial do leste, que antes da guerra tinha uma população de cerca de 150.000, precisam ficar dentro de casa das 22h às 4h.
No entanto, na semana passada, a polícia disse ter encontrado 33 infratores: sete suspeitos de serem observadores da artilharia russa, cinco saqueadores e 21 estavam bebendo álcool do lado de fora no calor do verão.
A linha de frente fica a nordeste e partes da cidade foram atingidas por disparos de artilharia russos. A polícia fica de olho em prédios de escritórios e bairros residenciais bombardeados que agora estão vazios.
“Há alguns casos em que os chamados saqueadores iniciam suas atividades na cidade… Eles roubam pertences das pessoas, principalmente de casas danificadas por bombardeios de artilharia”, diz o policial Vitalii Gazhitov.
Ele e seus colegas também observam sinais de que pessoas estão tentando invadir prédios administrativos. Dadas as circunstâncias, a cidade não precisa de tal crime, diz ele.
A certa altura, ele para do lado de fora de um prédio que foi destruído por bombas, mas sua luz portátil não revela nada suspeito. Seu carro ronca lentamente por ruas totalmente sem iluminação, passando por parques e praças onde as pessoas podem estar infringindo a lei.
Do lado de fora de um prédio de apartamentos, eles encontram um homem sentado em um banco. “Você não tem permissão para se mover nas ruas durante o toque de recolher”, diz Gazhitov. “Eu moro aqui, no apartamento 31”, responde o homem. O incidente termina pacificamente.
Gazhitov diz que ele e seus colegas às vezes atuam como um serviço de táxi não oficial. “Tentamos fazer com que os cidadãos cumpram o toque de recolher. Se vemos pessoas descumprindo, batemos um papo com eles e, se necessário, levamos até o local de residência”, diz.