27/10/2022 - 11:19
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou hoje (27) que as políticas internacionais atuais estão levando a Terra para um aquecimento de 2,8°C até o fim do século. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o mundo se dirige para uma catástrofe.
Em mensagem de vídeo, ele cita relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) que mostra que, longe de limitar o aquecimento global a 1,5ºC ou 2°C acima dos níveis pré-industriais, a forma como os países estão agindo agora, incapazes de cumprir as próprias promessas, levará as temperaturas a atingir 2,8°C até 2100.
+Rússia pede que ONU investigue ‘atividades biológico-militares’ dos EUA na Ucrânia
Notícias relacionadas:
- ONU: emissão de gases de efeito estufa pode aumentar 10,6% até 2030.
- ONU: alerta precoce pode reduzir mortalidade em desastres naturais.
Se forem cumpridos os compromissos concretos assumidos na última Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), realizada em Glasgow no ano passado, a projeção apenas diminui para 2,4 ou 2,6°C até o fim do século, disse ele. O relatório lembra que atualmente a Terra já está 1,1°C mais quente do que nos tempos pré-industriais.
A menos de duas semanas da COP27, na cidade egípcia de Sharm el-Sheik, Guterres avisou que os objetivos de neutralidade de carbono “não valem nada” sem ações para honrá-los. Ele pediu aos governos, principalmente aos do G20, o grupo das 20 maiores economias mundiais, a grupos privados e instituições financeiras que feche “a lacuna” entre esses compromissos e o que seria necessário para respeitar os objetivos do acordo de Paris.
Guterres avisou que o “mundo não pode dar-se ao luxo de greenwashing, expressão que significa a apropriação ilegítima de virtudes ambientalistas por parte de pessoas ou instituições, por meio de técnicas de marketing e relações públicas.
Milhares de empresas anunciaram metas de neutralidade carbônica, mas muitas são suspeitas ou acusadas abertamente de não cumprirem o compromisso em ações ou investimentos, o que é facilitado pela ausência de estrutura internacional comum para avaliar e supervisionar os compromissos de redução de emissões.
Lembrando a necessidade de investir massivamente nas energias renováveis, o secretário apelou ainda para a criação de um “pacto histórico” entre as economias desenvolvidas e emergentes do G20, a fim de impulsionar uma transição energética justa.
Segundo o relatório do Pnuma, o mundo está se afastando dos combustíveis fósseis de forma demasiadamente devagar.
O Acordo de Paris, principal tratado de combate ao aquecimento global, concluído em 2015, estabelece o objetivo de conter “o aumento da temperatura média do planeta bem abaixo de 2°C” e, se possível, abaixo de 1,5°C em relação à era pré-industrial, quando os países começaram a usar em quantidade os combustíveis fósseis.
A COP26 convocou os quase 200 países que assinaram o acordo a fortalecer suas cartas de compromisso, detalhando planos de redução de emissões, tecnicamente chamadas de “contribuições determinadas nacionalmente” (NDC).
Até o fim de setembro, apenas 24 países haviam apresentado NDC novas ou revistas, o que só ajudaria a reduzir as emissões em 2030, em apenas um pequeno ponto percentual adicional, segundo cálculos do Pnuma.
*Com informações da RTP – Rádio e Televisão de Portugal