Andriy Portnov, de 51 anos, foi morto com vários tiros diante de uma escola. Ele foi um dos mais importantes assessores de Viktor Yanukovych, um antigo aliado de Putin e que foi presidente da Ucrânia entre 2010 e 2014.Um antigo assessor do ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovych foi morto a tiros nesta quarta-feira (21/05) numa rua de Pozuelo de Alarcón, na região de Madri, segundo a polícia espanhola.

A vítima é Andriy Portnov, de 51 anos, que, segundo vários meios de comunicação espanhóis, tinha acabado de deixar seus filhos no Colégio Americano de Madri, uma escola americana localizada na elegante área residencial, quando foi morto.

Por volta das 9h15 locais, Portnov preparava-se para entrar no seu carro quando vários homens se aproximaram e o atingiram ao menos três vezes com disparos na cabeça e nas costas. Os autores dos tiros fugiram e são procurados pela polícia.

Opositor do atual presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, Portnov foi um dos mais importantes assessores de Yanukovych, que era próximo do regime de Vladimir Putin e que foi presidente da Ucrânia entre 2010 e 2014. Hoje, Yanukovych vive no exílio na Rússia, após fugir da Ucrânia em meio à onda de protestos que ficou conhecida como Euromaidan.

Portnov foi investigado por corrupção e violação de direitos humanos, tendo sido alvo de sanções por parte da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos.

Queda de Yanukovych

Jurista de formação, Portnov foi um dos protagonistas da resposta do então governo ucraniano ao levante popular de 2014, contra a aproximação à Rússia, que ficou conhecido como a “revolta de Maidan”.

Portnov teria se envolvido, de acordo com a imprensa ucraniana, na elaboração da legislação aprovada em 16 de janeiro de 2014 pelo parlamento ucraniano para conter os protestos de rua que começaram em novembro do ano anterior, quando Yanukovych decidira não assinar um acordo de associação com a UE para não desagradar a Rússia. À época, Yanukovych, conhecido pelo estilo de vida opulento e recorrentes acusações de corrupção, era denunciado por adversários como um “fantoche” de Putin.

Em novembro de 2013, Yanukovych havia anunciado a suspensão, por pressão de Moscou, do acordo de associação com a UE – dependente da aplicação de um pacote de medidas, incluindo privatizações e reforma das leis trabalhistas – justificando que ele prejudicaria a Ucrânia.

A decisão desencadeou uma onda de protestos que durou meses. Mais de duas centenas de pessoas morreram nas manifestações, que incluíram confrontos de rua entre os manifestantes e forças de segurança e resultaram na queda de Yanukovych, em fevereiro de 2014.

Portnov, Yanukovych e outros altos funcionários daquele governo fugiram da Ucrânia para buscar refúgio na Rússia, diante da crescente pressão das ruas. De acordo com várias publicações ucranianas, Portnov mais tarde mudou-se para Viena.

Sanções dos EUA

Segundo o meio de comunicação ucraniano Hromadske, que Portnov processou no ano passado por apontar seu suposto papel na tomada da Crimeia pela Rússia, o ex-assessor de Yanukovych foi um dos 18 ucranianos sancionados pela UE por corrupção e violações de direitos humanos em 2014. Portnov foi, no entanto, removido dessa lista de sanções um ano depois por decisão do Tribunal de Justiça Europeu.

Ao contrário de outros altos funcionários da era Yanukovych – como o próprio ex-presidente, que tem várias condenações à revelia na Ucrânia – Portnov permaneceu em contato com sua terra natal, chegando a retornar a ela em 2019.

Em 2021, foram os Estados Unidos que impuseram sanções contra ele, desta vez por “alegações confiáveis de uso de sua influência” para corromper os tribunais e “minar os esforços para reformar” a Ucrânia.

Série de crimes na Espanha

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, ocorreram diversos crimes de alto perfil relacionados à Rússia e à Ucrânia na Espanha, que possui comunidades significativas de expatriados de ambos os países.

Em 2022, um funcionário público espanhol aposentado enviou seis cartas-bomba a alvos em toda a Espanha, incluindo o primeiro-ministro Pedro Sánchez, as embaixadas ucranianas e americanas e escritórios governamentais. Ele foi condenado e preso pelos crimes no ano passado.

Em fevereiro de 2024, um piloto russo que havia desertado para a Ucrânia com seu helicóptero foi encontrado morto com múltiplos ferimentos de bala no estacionamento de seu prédio perto de Alicante, no sudeste da Espanha.

as (Efe, AFP, Reuters)