18/11/2025 - 11:14
Premiê polonês disse que explosão de linha férrea usada para transporte militar foi ato de sabotagem. Serviço de inteligência do país afirma haver indícios de que agentes russos estão por trás do ocorrido.A Polônia culpou a Rússia por um recente ataque a uma linha ferroviária de importância estratégica, usada para transporte militar para a Ucrânia . Jacek Dobrzynski, porta-voz do coordenador do serviço de inteligência do país, afirmou que todos os indícios apontam para agências de inteligência russas como as mentoras da operação.
Dobrzynski falou à imprensa nesta terça-feira (18/11) após uma reunião de emergência do Comitê de Segurança Nacional do governo.
Os trilhos da linha que liga Varsóvia à cidade de Lublin, no leste do país, foram destruídos no domingo por uma explosão de um dispositivo. O dano foi detectado a tempo por um maquinista e comunicado ao centro de controle, que interditou a linha.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que a explosão, perto da cidade de Mika, a cerca de 100 quilômetros a sudeste de Varsóvia, aparentemente teve como objetivo descarrilar um trem. “Explodir uma linha férrea é um ato de sabotagem sem precedentes”, disse Tusk em postagem nesta segunda-feira no X.
Outros dois trechos da mesma linha também foram danificados.
Linha vital para suprimentos
“Os serviços russos querem desestabilizar nossa sociedade, querem espalhar o medo”, disse Dobrzynski, acrescentando que os promotores e os serviços de inteligência estão determinados a chegar ao fundo da suposta conspiração. Ele acrescentou que a linha férrea danificada, utilizada por 115 trens diariamente, é “crucial para o transporte de suprimentos de ajuda humanitária para a Ucrânia”.
A Polônia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia (UE) e um dos aliados políticos e militares mais próximos da Ucrânia, teme ataques de sabotagem desde que a Rússia invadiu seu vizinho do leste.
A rede ferroviária é considerada um alvo, já que muitas entregas militares ocidentais à Ucrânia passam pela Polônia. A linha afetada leva à vila fronteiriça de Dorohusk e segue para a Ucrânia.
No ano passado, o governo polonês culpou a inteligência russa por um grande incêndio em um shopping center de Varsóvia. Em outubro, oito pessoas foram presas sob a acusação de planejar sabotagem e espionagem em nome de Moscou.
“Podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que um dispositivo explosivo foi detonado, danificando os trilhos da ferrovia”, disse o ministro do Interior polonês, Marcin Kierwinski. Ele também mencionou outros dois incidentes que foram reportados na mesma linha férrea e que estão sendo investigados.
Segundo Kierwinski, uma linha de transmissão de energia aérea foi danificada ao longo de várias dezenas de metros perto da cidade de Pulawy, obrigando um trem a parar. Algumas centenas de metros mais à frente, um obstáculo foi colocado num dos trilhos. No entanto, este não teve consequências.
Otan espera resultado da investigação
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou em Bruxelas que a Otan e a Polônia estão em contato próximo relativamente ao assunto. No entanto, é necessário aguardar primeiro o resultado da investigação.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen , alertou para ameaças “crescentes e reais” à segurança na UE. Ela apelou aos Estados-membros do bloco para que “aumentem urgentemente as suas capacidades para proteger o nosso espaço aéreo e infraestruturas”.
O ministro do Exterior da Ucrânia, Andriy Sybiha, expressou a solidariedade da Ucrânia com a “Polônia amiga”. Kiev apoiará Varsóvia na investigação em curso “se solicitado”. Na sua opinião, poderá ser “mais um ataque híbrido da Rússia para testar as suas respostas”.
A Polônia é um importante centro de distribuição de ajuda humanitária à Ucrânia. O país partilha fronteiras com Ucrânia, Belarus (aliada da Rússia) e com o enclave russo de Kaliningrado. A maioria dos carregamentos de armas e munições dos países ocidentais para a Ucrânia passa pela Polônia.
Em outubro passado, as autoridades polonesas anunciaram a detenção de 55 suspeitos de sabotagem, acusados de agir em nome da Rússia desde o início da guerra na Ucrânia , em fevereiro de 2022. Em resposta às alegadas ações de sabotagem e espionagem russas, Varsóvia impôs, entre outras medidas, restrições de viagem a diplomatas russos e fechou dois consulados russos, em Poznan e Cracóvia.
md/cn (AFP, DPA, AP)
