07/07/2025 - 16:15
Governo polonês diz que tomou medida para conter imigração irregular e em resposta a controles impostos por Berlim. Mais de 60 postos de controle foram instalados.A Polônia começou nesta segunda-feira (07/07) a impor controles nas fronteiras terrestres com a Alemanha e a Lituânia como parte de uma ofensiva contra a migração irregular que gera pressão política tanto em Varsóvia quanto em Berlim.
Guardas de fronteira e policiais passaram a realizar inspeções esporádicas de veículos, especialmente aqueles com múltiplos passageiros, nas pontes e estradas que ligam cidades como Slubice (Polônia) e Frankfurt an der Oder (Alemanha).
Foram instalados 52 pontos de controle na fronteira com a Alemanha e 13 na fronteira com a Lituânia. A medida valerá até 5 de agosto, podendo ser prorrogada.
Os três países compõem o Espaço Schegen, que permite a livre circulação de pessoas. Contudo, o governo polonês diz querer interromper o fluxo de migrantes que percorrem a rota dos Bálcãs por Belarus e, depois, seguem para a Alemanha passando pela Polônia.
“Sensação de assimetria”
Varsóvia acusa Berlim de sistematicamente devolver os migrantes interceptados ao território polonês, uma medida juridicamente controversa. O governo alemão vem impondo novos controles de fronteira desde setembro de 2024, decisão que foi criticada pela Polônia.
Em maio, o novo ministério Interior alemão mandou barrar requerentes de asilo antes do ingresso do país. O governo polonês afirmou que faria o mesmo se a Alemanha mantivesse a política anti-imigração.
“Avisei o lado alemão em março e conversei sobre isso diversas vezes com o novo chanceler”, disse o primeiro-ministro polonês Donald Tusk durante uma reunião governamental em que anunciou os novos controles.
Segundo ele, a decisão foi tomada pois a “paciência da Polônia” havia se esgotado com medidas unilaterais do lado alemão, que geraram tensões e despertaram uma “sensação de assimetria” no lado polonês.
Pouco após a entrada em vigor das novas medidas, um cidadão da Estônia foi preso acusado de transportar quatro migrantes afegãos.
Tensões e impacto econômico
O governo alemão saudou a medida e pediu cooperação bilateral. Autoridades policiais alertam contra uma espécie de “jogo de pingue-pongue” com solicitantes de asilo entre os dois países.
Os países justificam a intervenção como forma de evitar que solicitantes de asilo circulem livremente pelo continente antes de registrarem seu pedido no Estado responsável – geralmente o primeiro país por onde o imigrante ingressou no Schengen.
Empresários e trabalhadores que vivem em áreas de fronteira temem os efeitos da medida. A Câmara de Comércio e Indústria da Alemanha alertou que atrasos para trabalhadores transfronteiriços podem agravar a escassez de mão de obra.
Proprietários de pequenos comércios, como salões de beleza e lojas de tabaco, também relataram quedas de receita. Por outro lado, moradores locais dizem que os controles são necessários por motivos de segurança.
Polônia endurece medidas anti-imigração
A migração foi um tema central nas eleições presidenciais de junho na Polônia. O candidato nacionalista Karol Nawrocki venceu por pequena margem, com uma campanha marcada por um discurso anti-imigração. O atual governo, liderado pelo premiê liberal Donald Tusk, tem endurecido sua política migratória para conter o avanço da oposição nacionalista.
gq (AFP, DW)