17/10/2025 - 16:28
Alemanha havia solicitado a extradição de um ucraniano acusado de envolvimento na sabotagem do gasoduto. Tribunal polonês rejeitou o pedido, alegando falta de provas.Um tribunal polonês recusou nesta sexta-feira (17/10) extraditar para a Alemanha um ucraniano suspeito de envolvimento nas explosões submarinas que danificaram os gasodutos Nord Stream.
O Tribunal Distrital de Varsóvia também ordenou a libertação imediata do homem. A decisão é passível de recurso.
O incidente ocorrido em setembro de 2022, sete meses depois de Moscou invadir a Ucrânia, foi considerado por Berlim como um ato de sabotagem. O gasoduto abastecia a Alemanha e outros países europeus com gás russo.
Para o tribunal polonês, a Alemanha – que emitiu o mandado de prisão contra o suspeito – não apresentou provas suficientes para sustentar a acusação.
O juiz responsável pelo caso, Dariusz Lubowski, também argumentou que a suposta sabotagem constituía uma “operação militar” e que, por isso, não seria ilegal. Para o magistrado, o suspeito atuou supostamente em nome de Kiev, o que significa que “apenas o Estado ucraniano pode assumir responsabilidade por esse ato.”
Lubowski também afirmou que a Alemanha não tinha jurisdição sobre o caso, pois ocorreu em águas internacionais.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, saudou a decisão em uma publicação no X.
“O tribunal polonês negou a extradição para a Alemanha de um cidadão ucraniano suspeito de explodir o Nord Stream 2 e o libertou da custódia. E com razão”, disse Tusk. “O caso está encerrado.”
O advogado de defesa do suspeito, Tymoteusz Paprocki, disse a jornalistas em Varsóvia que a decisão enviou um “sinal para a Alemanha” e mostrou que a lei não deve ser “instrumentalizada em nome de interesses maiores”.
Quem está por trás das explosões do Nord Stream?
A procuradoria alemã suspeita que um grupo de ucranianos ligado ao serviço secreto e às Forças Armadas de Kiev estaria por trás do suposto ataque.
Os promotores descreveram o suspeito, Volodimir Z., como um mergulhador treinado. Ele era procurado desde agosto de 2024 e foi preso em setembro em um apartamento nos arredores de Varsóvia.
Antes da decisão, seu advogado havia dito que o cliente planejava se declarar inocente caso fosse levado a julgamento.
Ele questionou se a destruição de propriedade russa por ucranianos poderia ser considerada crime à luz da invasão de Moscou.
Em agosto, outro cidadão ucraniano foi preso na Itália por supostamente estar envolvido na operação de sabotagem. Naquele caso, porém, a Justiça italiana extraditou o suspeito para a Alemanha.
Nenhum grupo reivindicou responsabilidade pelos danos aos gasodutos, e a Ucrânia negou envolvimento.
O que o governo polonês diz sobre o suspeito?
No início de outubro, Donald Tusk já havia se manifestado contra a entrega do suspeito
“O problema com o Nord Stream 2 não é que ele foi explodido. O problema é que ele foi construído”, disse Tusk em uma postagem no X no início deste mês.
A Polônia há muito critica os gasodutos, argumentando que eles aumentam a dependência alemã do gás russo. Essa visão é compartilhada por outros Estados na ala leste da UE e da Otan, bem como pela Ucrânia e pelos Estados Unidos.
O pedido de extradição se tornou um dilema para o premiê centrista e pró-UE, que vem sendo acusado pela oposição de ceder aos interesses alemães.
Antes da decisão, o porta-voz da promotoria regional de Varsóvia, Piotr Skiba, disse que, do ponto de vista legal, seria difícil não entregar o suspeito à Alemanha. “É muito difícil encontrar qualquer base na qual não pudéssemos transferi-lo para os alemães”, disse ele na quinta-feira.
gq/md (DW, DPA, Reuters)