O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira, 28, a estimativa para a população atual do Brasil, com base nos dados prévios do Censo 2022, que ainda está na fase de coleta de informações. O número de habitantes é de 207.750.291, abaixo do total de 213 milhões projetado pelo próprio órgão federal no ano passado. Mas o que explica essa diferença? Mais de 5,2 milhões de brasileiros desapareceram?

Segundo o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, eventuais problemas nos censos anteriores, as mortes causadas pela pandemia de covid-19 e a defasagem em relação ao Censo 2010 são alguns dos motivos por trás da diferença entre a estimativa de 2021 e a informada nesta quarta-feira.

Pelo calendário tradicional do IBGE, a mais completa pesquisa populacional do País é realizada a cada dez anos, com uma contagem populacional, mais simples, no meio do período. Mas a atualização prevista para 2015 não foi feita, diante de restrições orçamentárias. Para piorar, o Censo 2020 foi postergada por causa da crise sanitária do coronavírus. Após sucessivos adiamentos e problemas orçamentários, a pesquisa foi finalmente confirmada para este ano.

De acordo com Azeredo, essa discrepância já ocorreu outras vezes. “No Censo de 1980, tínhamos um ‘Maranhão’ a menos”, afirma o diretor do IBGE. Os primeiros dados definitivos do Censo, conforme o instituto, devem ser divulgados apenas em março. A etapa de coleta de dados também sofreu atrasos.

“A pandemia aumentou a mortalidade e diminuiu a natalidade”, afirma José Eustáquio Diniz Alves, professor aposentado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, ligada ao IBGE. Além dos óbitos – foram 693 mil em menos de três anos -, muitos casais adiaram a gravidez, com medo do cenário incerto e das dificuldades de acesso aos serviços de saúde, como o pré-natal.

“Todas as projeções são feitas com base no Censo de 2010. Se tivéssemos feito ao menos a contagem de 2015, poderíamos ter atualizado. Estamos muito longe de 2010, muita coisa mudou. Houve uma bruta recessão de 2014 a 2016. Depois, outra recessão brutal com a pandemia. As coisas mudaram muito”, afirma Diniz Alves.