Cientistas apontaram o dedo para as scooters de dois tempos, onipresentes nas cidades de muitos países em desenvolvimento, por contribuir maciçamente com a poluição do ar local.

Segundo eles, a scooter, movida a uma mistura de gasolina e óleo, seria, segundo este estudo, a principal fonte de poluição viária nas grandes cidades.

Em grandes metrópoles como Bangcoc, elas poderiam estar na origem de 60% a 90% da poluição do ar, relacionada com o trânsito, segundo o estudo publicado na revista Nature Communications.

Estas duas rodas motorizadas, amplamente disseminadas na Ásia, na África e também no sul da Europa, emitiriam entre dez e milhares de vezes mais partículas finas e gases tóxicos por litro consumido.

“Acredita-se que carros e caminhões, particularmente veículos a diesel, sejam as principais fontes de poluição veicular”, escreveram.

“Isto precisa ser repensado, à medida que mostramos que níveis elevados de material particulado podem ser uma consequência da ‘poluição assimétrica’ das scooters de dois tempos”, prosseguiram.

Andre Prevot, químico atmosférico do Instituto Paul Scherrer em Villigen, Suíça, analisou as emissões das scooters de dois tempos, autorizadas para uso na Europa.

As emissões de compostos orgânicos voláteis (VOCs, na sigla em inglês) – uma combinação de gases de carbono que são os precursores do ‘smog’ ou neblina tóxica – foram, em média, 124 vezes maiores nas scooters de dois tempos do que em veículos de outra classe.

Os níveis de benzeno, um VOC cancerígeno, foram assombrosos, descobriram os cientistas.

Em inatividade, o escapamento da scooter apresentou umas 300.000 microgramas de benzeno por metro cúbico ou 146 partes por milhão (ppm), descobriram os cientistas.

Em comparação, a União Europeia (UE) estabelece como limite de segurança uma exposição anual a 5 mcg/m³, enquanto organizações de vigilância sanitária dos Estados Unidos recomendam que os trabalhadores usem equipamentos respiratórios especiais quando expostos a níveis de benzeno acima de 1 ppm durante 15 minutos.

“As emissões (de benzeno) são enormes”, escreveu Prevot em troca de e-mails com a AFP. “Pensar em andar de bicicleta e respirar as emissões de uma scooter parada em frente de um sinal de trânsito é perturbador”.

O documento estimou que em cidades como Bangcoc, as scooters de dois tempos possam contribuir com 60% a 90% de todo o material particulado rodoviário – partículas de carbono que resultam diretamente da explosão de combustíveis fósseis – mesmo que respondam por apenas 10% do consumo de combustível.

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