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GAROTAS PERIGOSAS: Kristen (acima) foi o pivô do escândalo que acabou com a carreira e abalou o casamento de Eliot Spitzer e Silda (à dir.). A cafetina brasileira Andreia Schwartz (centro), presa em Nova York, em 2006, ajudou o FBI a descobrir os pulos do

Eliot Spitzer, ex-governador de Nova York, que renunciou ao cargo, na quarta-feira 12, teve um destino irônico. Filho de judeus que imigraram da Áustria e fizeram fortuna com imóveis nos Estados Unidos, ele era tido como exemplo de ética no mundo da política. Quando ainda era procurador de Justiça, liderou uma cruzada contra Wall Street diante das perdas causadas a milhares de acionistas depois que grandes corporações maquiaram seus balanços financeiros. As corretoras foram condenadas a pagar US$ 1,4 bilhão em multas e Spitzer conquistou o público. Com discursos populistas, o democrata casado com Silda Spitzer, pai de três filhas, condenou as festas nababescas da Enron, sempre regadas a mulheres fáceis. Spitzer, porém, foi vítima do próprio feitiço. Sua máscara foi caindo à medida que retirava as lingeries da bela garota de programa Ashley Dupre, de apenas 22 anos, que usava o nome de guerra Kristen. O FBI, que investigava uma rede de prostituição nos Estados Unidos, descobriu que Spitzer gastou US$ 80 mil com ?entretenimento adulto? nos últimos dez anos. Não há provas de que ele tenha usado dinheiro público, mas foi o suficiente para manchar sua imagem.

Além de gravações telefônicas e comprovantes de pagamento, uma brasileira foi peça-chave nas investigações. De acordo com o jornal The New York Post, a cafetina brasileira Andreia Schwartz, presa desde 2006 por comandar uma rede de prostituição em Nova York, delatou as traquinagens de Spitzer. Em troca das informações, ela teria sido libertada e deportada ao Brasil no mesmo dia da renúncia do governador fanfarrão. Andreia sabia dos detalhes picantes do governador porque já havia trabalhado no Emperor?s Club VIP, o bordel que agenciava 50 garotas espalhadas por cidades como Nova York, Los Angeles, Miami e Londres, o preferido de Spitzer. As mulheres listadas no site do Emperor?s Club são classificadas por diamantes em uma escala que vai de três a sete. Quem possui três estrelas cobra US$ 10 mil por um dia completo, as de sete estrelas exigem US$ 31 mil. São mulheres, consta no endereço eletrônico, de alto nível ? curso superior completo, modelos de passarela, universitárias e sofisticadas. Ao jornal The Washington Post, o detetive da unidade de antiprostituição de Nova York, Steven Schwalm, disse que existem mulheres que cobram US$ 250 mil por um fim de semana. Basta acessar a internet para conhecer o universo da prostituição de luxo nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo em que são ultraconservadores quando o assunto é sexo, os americanos se revelam no mundo virtual. Os bordéis agem como corporações. Há regras para reservar os horários, parte dos pagamentos deve ser feita com antecedência e, em alguns casos, existe uma espécie de pacote mensal que dá direito a seis encontros por US$ 9 mil. Algumas garotas de programa são tão profissionais que põem a chamada wish list (lista de desejos) no site. Ali, dizem que tipo de presente preferem ganhar dos clientes. Uma delas, a garota chamada Vanica Love, que atua em Washington DC, pede carro Cadillac e valepresente de grifes como Victoria?s Secret, Gucci e La Perla. Os americanos também contam com um site chamado Bigdoggie, no qual há fóruns de discussões sobre as garotas de programa. Lá, blogueiros contam suas experiências com as mulheres e indicam para outros internautas. Agora, desmascarado, o governador Spitzer pode até contar o seu caso. Assunto não vai faltar.