14/07/2001 - 7:00
A indústria de papel e celulose encontrou uma arma poderosa para melhorar sua competitividade no mercado mundial: a biotecnologia. Empresas do setor se uniram à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), à Universidade de São Paulo e ao Ministério da Ciência e Tecnologia para estudar, pela primeira vez, o seqüenciamento genético do eucalipto, matéria-prima da celulose, diversos tipos de papel, chapas de madeira, aglomerados, carvão vegetal, entre outros produtos. Em setembro, duas pesquisas começam a ser desenvolvidas para descobrir como tornar as florestas brasileiras mais produtivas. Da primeira iniciativa, que exigirá mais de R$ 2 milhões em investimentos, fazem parte a Votorantim Celulose e Papel (VCP), Suzano, Ripasa e Duratex. O segundo projeto inclui Aracruz, Riocell, Rigesa, Cenibra, Bahia Sul, Celmar, International Paper, além da VCP. O valor desse projeto não foi divulgado.
?Mais uma vez, os pesquisadores nacionais estão à frente de pesquisas inovadoras em biotecnologia?, afirma Helaine Carrer, professora de Ciências Biológicas da USP e coordenadora do primeiro projeto. Poucos cientistas no mundo tentam decifrar o genoma do eucalipto. Até hoje, nenhuma das iniciativas mostrou resultados práticos. No Brasil, somente dentro de cinco anos a indústria
poderá aplicar as descobertas na produção. ?Vale a pena
esperar?, diz José Maria de Arruda Mendes Filho, gerente
geral da área florestal da VCP.
As pesquisas mostrarão como reforçar a defesa das árvores, melhorar sua qualidade e ampliar a produtividade. Experiências desenvolvidas há 20 anos com o cruzamento de espécies já tinham garantido maior produtividade para o setor no Brasil. Hoje, são produzidos 45 metros cúbicos de madeira por hectare ao ano, enquanto no início da década de 80 esse índice chegava a no máximo 10 metros. ?As possibilidades que se abrem com a
genética são imensas?, anima-se Raul Chaves, chefe de desenvolvimento silvicultural da Duratex.