Jogos, notícias, mensagens, shopping online e até meio de pagamento. Essas são algumas das funções da versão coreana do WeChat. A Tencent, chinesa que desenvolveu a plataforma, não economizou elogios ao aplicativo – que já chegou a faturar US$ 82 milhões em um único dia de promoções – em seu último balanço. Os números chamaram a atenção do mercado e causaram inveja nos concorrentes. Mas reunir usuários não é fácil. Para chegar onde está, o WeChat teve que levar o que o Barcelona fez no mundo da bola para o campo publicitário e juntou Neymar e Messi como seus garotos propaganda.

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Aplicativo de mensagem será vitrine para a Rakuten

O esforço se justifica pelo mercado. Em 2013, foram 1 bilhão de smartphones vendidos e 200 milhões de tablets. Com todos esses números na mesa, Hiroshi Mikitani, fundador e CEO da Rakuten, decidiu que não podia ficar de fora da onda. Mas, ao invés de contratar Cristiano Ronaldo e Karim Benzema para divulgarem “sua versão do WeChat”, ele resolveu ser mais prático: comprou o israelense Viber por US$ 900 milhões. 

 

“Vamos fazer mudanças na plataforma, incluir jogos, lojas e outras funções”, afirmou o execuvito. “Ele será um meio de distribuição estratégico para nossos serviços”. Hoje, o Viber é diferente de seus concorrentes asiáticos e se assemelha mais ao Whatsapp, focando na troca de mensagens. O aplicativo também permite chamadas de voz pela rede. Em 2013, o prejuízo da plataforma foi de US$ 29,5 milhões.

 

Com a fórmula aplicada pela Tencent em seus aplicativos de mensagens, a japonesa espera mudar essa realidade. A Rakuten tem as ferramentas. Ela é líder do e-commerce no Japão e tem representatividade em diversos países, entre eles o Brasil. 

 

A empresa também está avançando na produção de conteúdo. Em 2013, ela comprou um canal de televisão, uma plataforma de transmissão online de vídeos e participação na rede social Pinterest. 

 

Logo de cara, ela sai na frente de seus concorrentes. O WeChat, por exemplo, tem 235 milhões de usuários. O Viber 300 milhões. “Se tornar um aplicativo de relevância não é fácil”, afirmou Julie Ask, analista da consultoria Forrester. “Geralmente as pessoas baixam muitos aplicativos, mas acabam indo para os que têm mais audiência”. 

 

Talvez investir na dupla de ataque do rival do Barcelona de Neymar e Messi saísse mais barato, mas o preço pago pela japonesa também foi considerado bom por analistas. O Viber foi um dos primeiros aplicativos de mensagens criado. Ele foi lançado apenas para iPhone em 2010, ganhando uma versão Android no ano seguinte. “O Facebook ofereceu US$ 3 bilhões pelo SnapChat e ainda recebeu um ‘não'”, afirmou Kuni Kanamori, da consultoria japonesa SMBC Nikko Securities Inc.

 

Com a compra, a Rakuten entra na disputa com o Line pela posição de maior aplicativo de mensagens do Japão. Seu concorrente também tem cerca de 300 milhões de usuários e, segundo seu CEO, Akira Morikawa, deve fechar o ano de 2014 com 500 milhões.