Após poucas horas do ataque de golpistas bolsonaristas aos Três Poderes em Brasília, políticos dos EUA se manifestaram a respeito do caso. A deputada democrata norte-americana Alessandra Ocasio-Cortez (Nova York) foi uma das primeiras a manifestar apoio ao Brasil, e recomendar veementemente que os Estados Unidos deixem de dar refúgio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A repercussão negativa diante dos ataques terroristas ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto aumentaram as cobranças dos congressistas norte-americanos para que os EUA expulsem Bolsonaro do país

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Os ataques começaram por volta das 14h deste domingo, 8. Centenas de golpistas invadiram Brasília, começando pelo Congresso Nacional e seguindo para o plenário do STF e para o Planalto. Os prédios ficaram completamente destruídos, com móveis espalhados, vidraças quebradas, obras de arte avariadas.

“Os criminosos não reconhecem a legitimidade das eleições presidenciais, e se dizem apoiadores de Bolsonaro. Os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”, escreveu Alessandra Ocasio-Cortez.

Na fala dos políticos, o uso de ‘refúgio’ é constante: há o entendimento de que o ex-presidente do Brasil se esconde na Flórida, ficando ‘protegido’ de responsabilidade diante dos ataques antidemocráticos no Brasil, que devem ser investigados e podem estar associados a incentivos de Bolsonaro. 

“Bolsonaro não deve se refugiar na Flórida, onde está se escondendo da responsabilidade de seus crimes”, disse o parlamentar democrata Joaquin Castro em sua conta do Twitter. “Os Estados Unidos não deveriam ser um refúgio para esse autoritário que tem inspirado o terrorismo doméstico no Brasil. Ele deveria ser enviado de volta ao Brasil.”

Outra cobrança veio da deputada democrata Anna Eskamani. “Ron de Santis, por que você está dando refúgio para Jair Bolsonaro na Flórida?”, se dirigindo ao governador do estado da Flórida.  

John Feeley, que foi embaixador dos EUA no Panamá de 2016 a 2018, quando o país da América Central buscou a extradição de seu ex-presidente Ricardo Martinelli, disse que a ameaça mais imediata a Bolsonaro virá se seu visto norte-americano for revogado, deixando-o à deriva no palco internacional.

“Os Estados Unidos – ou qualquer nação soberana, na verdade – podem remover um estrangeiro, mesmo um que entrou legalmente com visto, por qualquer motivo”, disse Feeley. “É uma decisão puramente soberana para a qual nenhuma justificativa legal é necessária”. 

Outro discurso pró-democracia e anti-Bolsonaro foi o de Mark Takano, deputado democrata pela Califórnia. “A violência antidemocrática no Brasil hoje é um lembrete preocupante dos perigosos movimentos fascistas que crescem em todo o mundo. Jair Bolsonaro não deveria ter permissão para se refugiar nos EUA.

O presidente dos EUA, Joe Biden, também se manifestou via redes sociais, mas prestando apoio ao Brasil e sem mencionar Bolsonaro. 

“Condeno o atentado à democracia e à transferência pacífica do poder no Brasil. As instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser abalada. Estou ansioso para continuar a trabalhar com Lula”, escreveu. 

O ex-mandatário, que se encontra na Flórida, se manifestou via redes sociais na noite de ontem. Bolsonaro viajou para os EUA dois dias antes da posse de Lula como presidente eleito. “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”.