A arroba do boi gordo atingiu nesta semana o menor valor do ano por conta da suspensão da exportação de carne para a China. Mas, afinal, por que não está mais barato fazer aquele churrasquinho no fim de semana? 

A suspensão do comércio de carne bovina com o país asiático aconteceu porque foram descobertos dois casos de vaca louca em animais em Minas Gerais e Mato Grosso. A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) já se manifestou dizendo que as ocorrências não representam riscos, mas a China mantém o veto desde o dia 4 de setembro.

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E com as exportações e o preço da arroba do boi gordo caindo, não seria o caso da carne estar mais barata na prateleira? Por que isso não está acontecendo?

No Estado de São, por exemplo, o preço chegou a cair discretamente no atacado. Isso aconteceu porque parte da carga já estava embarcada para a China e abasteceu o mercado interno. Acontece que na maioria dos casos as cargas seguem em câmaras frias nos frigoríficos ou em contêineres.

No varejo, no entanto, o preço segue em alta. Na segunda semana de outubro ele subiu 0,62% e na semana anterior avançou 0,42%, segundo o Índice dos Preços ao Consumidor (IPC) na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).

Em entrevista ao G1, Guilherme Moreira, coordenador do IPC, apontou que na verdade o recuo no preço pode ter só evitado uma maior alta para o consumidor final. Por outro lado, se o embargo chinês durar por muito mais tempo, a queda no preço pode sim ser sentida no bolso do consumidor brasileiro. 

Na última terça-feira (20) o Ministério da Agricultura determinou que os frigoríficos aptos a vender para a China suspendam a produção para o país. Alguns analistas viram esse movimento como um sinal de que a suspensão pode durar mais tempo. 

O analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias explicou ao G1 como funcionaria essa queda mais significativa. “Não tem outro consumidor mundial que consegue comprar em quantidade e preço o que a China compra do Brasil. Então essa carne vai acabar indo para o mercado interno e o preço pode recuar de forma mais significativa”, apontou. 

Já os pecuaristas diminuíram o abate dos bois na fazenda para não permitir uma queda muito forte nos preços do produto.