22/09/2025 - 12:26
Desde 1955 o Brasil tradicionalmente é o primeiro país a discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Costume remonta às origens da ONU.Existem várias teses para o porquê de o Brasil ser o primeiro país a discursar no debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas, que ocorre todos os anos em Nova York.
As Nações Unidas esclarecem que o Brasil é o primeiro país a discursar desde a 10ª sessão da Assembleia Geral, em 1955, exceto nos anos de 1983 e 1984.
“No âmbito do debate geral, várias práticas surgiram ao longo do tempo, incluindo a ordem dos primeiros oradores”, afirmam as Nações Unidas.
A tradição também diz que os Estados Unidos, na condição de anfitrião, são o segundo país a discursar.
Várias teses
Uma tese diz que o Brasil se voluntariou nos primeiros anos das Nações Unidas e assim acabou obtendo esse direito.
Em 2010, o então chefe do protocolo das Nações Unidas, Desmond Parker, declarou à emissora pública americana NPR que, “nos primórdios, quando ninguém queria ser o primeiro a falar, o Brasil sempre se oferecia para ser o primeiro”.
“E assim eles garantiram o direito de serem os primeiros a discursar”, disse.
Arquivos das Nações Unidas mostram que o Brasil foi a primeira nação a falar em 1949, 1950 e 1951.
Uma outra tese diz que o Brasil se tornou o primeiro a discursar como uma homenagem ao diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, que presidiu a Primeira Sessão Especial de 1947, na qual foi decidida a partilha da Palestina histórica e a criação do estado de Israel. Na condição de presidente, Aranha foi o primeiro a falar, antes de os Estados-membros discursarem, e essa seria a origem da tradição.
Outra hipótese é de que, no âmbito da Guerra Fria, que opunha o bloco liderado pelos Estados Unidos ao bloco liderado pela União Soviética, o Brasil era visto como uma opção neutra, que não privilegiava nenhum dos lados com a primazia nos discursos. O Brasil lutou na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, e as nações aliadas foram a força motriz da criação da Organização das Nações Unidas.
E há ainda a tese de que se trata de um prêmio de consolação para o Brasil, que nos primórdios da ONU teria sido considerado para integrar o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, mas acabou ficando de fora.
Seja qual for a explicação, trata-se de uma posição privilegiada, pois ser a primeira nação oradora garante uma grande atenção dos demais participantes e da mídia.
Como o Brasil é o primeiro a discursar, em 2011 a então presidente Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral das Nações Unidas.