27/06/2021 - 8:00
Quando a comunidade gay de Nova York enfrentou a polícia após a invasão da boate Stonewall Inn, no já longínquo 28 de junho de 1969, o que estava em jogo era muito mais que uma luta pela liberdade. Àquela altura, os Estados Unidos, assim como a maior parte dos países, mantinham um sistema jurídico anti-homossexual. Para os manifestantes, que ficaram amotinados por dias, era preciso criar um modelo educacional que não confrontasse heterossexuais e homossexuais, cujos direitos deveriam ser assimilados pela sociedade. Os confrontos entraram para a história como a base do movimento pelo orgulho LGBT. Em 2016, o presidente Barack Obama tornou a boate Stonewall um monumento nacional. E 28 de junho segue como marco da celebração pelos direitos LGBTQIA + em todo o mundo.
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Passadas cinco décadas, muita coisa mudou – e com mais intensidade nos últimos cinco anos. Em 2016, segundo dados do Center for Talent Innovation, 61% dos profissionais LGBTQIA+ afirmaram não se sentir confortáveis para se assumirem no local de trabalho, e 41% afirmaram ter sofrido algum tipo de discriminação. Embora ainda não haja um mesmo estudo em 2021 para comparar as respostas, outro indicador ajuda a compreender as transformações. Segundo estudo da Gupy, empresa de tecnologia para RH, das vagas abertas com foco em diversidade e inclusão, 37,5% foram destinadas para profissionais LGBTQIA+, enquanto as vagas para especialistas em diversidade aumentaram em 560%. Ou seja, as empresas estão contratando especialistas, seja para aplicar a diversidade efetivamente ou para criar comitês de diversidade. “As empresas têm um papel fundamental na sociedade e também na geração de oportunidades. Temos visto cada vez mais companhias se comprometendo e criando políticas internas direcionadas para esse grupo, o que é fundamental para a equidade de valor das pessoas”, afirmou a CEO da Gupy Mariana Dias.
Ter um compromisso genuíno com esse tema no ambiente de trabalho pode ser tão importante para a imagem das empresas quanto lançar produtos destinados ao público LGBTQIA+. Uma pesquisa inédita feita pela plataforma Twitter em parceria com a MindMiners revelou que três em cada quatro pessoas que afirmaram fazer parte dessa comunidade sentem-se mais positivas em relação às marcas que se alinham a eventos como a Parada do Orgulho LGBT. Elas disseram ainda que as empresas devem incluir pessoas LGBTQIA+ no desenvolvimento e marketing de produtos. Uma dica para quem atua nesse setor: 68% dessas pessoas afirmaram que a apresentação de histórias e pessoas reais na publicidade é uma forma mais interessante de marcas abordarem a questão da inclusão e representatividade de gênero. Marcas que apoiam e instituições de caridade para a comunidade LGBTQIA+ foram citadas positivamente por 67%.
Talvez esteja na hora de as empresas levarem esses dados em consideração ao definir suas estratégias de comunicação. Até para não parecerem oportunistas. Algumas já fazem isso. A linha Pride da cerveja Skol Beats, por exemplo, dedica 100% dos lucros para a ONG Casa Neon Cunha, espaço de inclusão e diversidade em São Bernardo do Campo (SP). Mas a venda é apenas on-line. Seria bom ver as marcas que usam o marketing LGBTQIA+ em seus rótulos apoiando a causa e acolhendo profissionais dessa comunidade em suas equipes.