02/03/2015 - 7:30
O designer de veículos Livio Tudoran ganhou um concurso do Instituto Europeu de Design, da Itália, com seu iMove. O protótipo tem cantos arredondados e abusa das linhas futuristas
A Apple é conhecida por acreditar em um mundo fechado. Explica-se: seu sistema operacional Mac OS só roda em seus computadores, o iOs turbina apenas seus celulares e tablets. Até o Apple TV e o reprodutor de músicas iPod contam com um ecossistema próprio. Por isso, quando a empresa de Cupertino lançou um sistema operacional para fazer a interação entre motoristas e carros de empresas terceiras, no ano passado, o mercado reagiu até com certa estranheza. Não demorou muito, no entanto, para a verdadeira motivação da Apple nesse segmento aparecer: formar uma equipe de engenheiros para colocar nas ruas, possivelmente até 2020, um veículo elétrico com sua marca.
A “maçã móvel” ainda não tem muitos detalhes divulgados. Sabe-se que será movida a bateria e que contará com um sistema operacional que está sendo desenvolvido pelos programadores da Apple. Mais de uma centena de funcionários já foram contratados e o projeto, cujo codinome é Titan, delegado a Steve Zadesky, um vice-presidente da Apple que hoje toma conta do design do iPhone. Um carro com a chancela da empresa chefiada por Tim Cook, porém, já era um sonho de consumo de motoristas – e de muitos investidores. Foi com essa ideia que o designer de veículos Livio Tudoran ganhou um concurso do Instituto Europeu de Design, da Itália, com seu iMove. O protótipo tem cantos arredondados e abusa das linhas futuristas.
A aventura da Apple pelo mercado automobilístico não é um caso isolado. O Vale do Silício, região da Califórnia que reúne as principais empresas de tecnologia do mundo, está investindo pesado em veículos tecnológicos, tornando-se um competidor de Detroit, a capital automobilística dos EUA, berço da GM, Ford e Chrysler. O Google, trabalha, há três anos, em seu veículo que dispensa a figura do motorista. O badalado empresário digital Elon Musk criou a Tesla Motors, que desenvolve carros esportivos que usam baterias elétricas. Até o Uber, uma das startups mais polêmicas do mercado e que tem valor de mercado de US$ 40 bilhões, fez parceria com a americana Universidade Carnegie Mellon para criar um veículo autônomo. “Essas companhias tecnológicas podem ser as fabricantes de carros do futuro”, afirma Jeff Schuster, vice-presidente da consultoria americana LMC Automotive.
A Apple e o Google, que já ganham bilhões de dólares com smartphones e tablets, estão de um olho em um mercado maior ainda. Estima-se que, em 2030, os carros autônomos movimentarão US$ 87 bilhões. Daqui a cinco anos, calcula-se também 7% da frota mundial será de carros movidos a bateria. Segundo analistas, o avanço da internet das coisas, o aumento do número de carros com computadores de bordo e a conectividade dos veículos com a internet trazem o setor para a zona de conhecimento e atuação de empresas do Vale do Silício.
Essa guinada das empresas de tecnologia rumo ao setor automotivo não significa que as marcas tradicionais do ramo estão ignorando para onde aponta o futuro. Na CES 2014, principal feira de tecnologia dos EUA, diversas montadoras anunciaram carros com sistemas operacionais. A americana Ford, por exemplo, montou em Palo Alto, um dos corações do Vale do Silício, um laboratório de pesquisa chefiado pelo engenheiro romeno Dragos Maciuca, recrutado nos quadros da Apple. Até o fim de 2015, 150 engenheiros trabalharão no laboratório. “O Vale do Silício é um centro de ideias”, disse Mark Fields, CEO da Ford. “É muito importante estar por aqui.”