25/08/2025 - 13:19
Após o governo de Donald Trump nos EUA anunciar o fim da isenção tarifária para pequenas encomendas vindas do exterior, diversas empresas europeias de serviços postais suspenderam suas entregas no país, alegando “incertezas” sobre o impacto da medida e necessidade de tempo hábil para se preparar.
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A paralisação começou no fim de semana, com Alemanha, Itália, Bélgica, Suécia e Dinamarca suspendendo a maior parte de seus envios. Nesta segunda-feira (25/08), foi a vez da francesa La Poste e da espanhola Correos juntarem-se ao grupo.
Já as empresas do Reino Unido e da Áustria devem paralisar suas entregas na terça-feira, de modo a dar tempo para que elas sejam concluídas antes da entrada em vigor da medida, em 29 de agosto.
Na Ásia, a paralisação também se estendeu a Índia, Tailândia, Coreia do Sul, Singapura, Nova Zelândia e Austrália.
O que o decreto de Trump diz sobre as entregas
O decreto de Trump acaba com a isenção de impostos para encomendas vindas do exterior com valor até US$ 800 (R$ 4,3 mil) – medida da qual diversas empresas europeias de pequeno porte se beneficiaram no passado –, e obriga as transportadoras ou “partes qualificadas” a recolher esses tributos aduaneiros e repassá-los aos cofres americanos.
Só no ano passado, 1,36 bilhão de pacotes no valor de US$ 64,6 bilhões de (R$ 349 bilhões) foram enviados com isenção tarifária segundo essa regra, de acordo com a alfândega americana – a maioria vindos da China.
Agora, as encomendas dessa categoria vindas da Europa estarão sujeitas a uma tarifa de 15% – a mesma aplicada à maioria das importações da União Europeia. Pacotes enviados de outras regiões poderão estar sujeitos a taxas mais elevadas.
A isenção vigorava desde o governo Barack Obama (2009-2017), e seu fim foi defendido por Trump como parte de uma ação de combate a drogas ilegais.
Segundo o jornal belga bpost, na prática as novas regras impõem aos remetentes a obrigação de arcar com as tarifas antes do envio aos EUA.
Envios abaixo de US$ 100 seguem isentos
Cartas, documentos e presentes com valor abaixo de US$ 100 seguem isentos da cobrança, e as empresas europeias de serviço postal afirmam que manterão esses transportes, desde que enviados por pessoas físicas e sem fins comerciais, mas alertam que esses pacotes estarão sujeitos a fiscalização extra “ainda mais rigorosa”.
Ecoando o receio de outras companhias, a alemã DHL, maior empresa europeia de logística e dona da Deutsche Post (equivalente aos Correios), afirmou não estar claro “quem terá que pagar as tarifas e como”.
Já a holandesa PostNL acusou o governo Trump de empurrar as novas tarifas sem que houvesse um sistema para a coleta desses tributos.
A PostEurop, que representa 51 operadoras públicas de correio na Europa, disse que se não houver nenhuma solução prática para o problema antes de 29 de agosto, é provável que todos suspendam a maioria de seus envios aos EUA.