02/09/2015 - 20:56
A foto do menino sírio morto em uma praia correu o mundo nas redes sociais. Um alerta sobre a grave crise humanitária dos refugiados, dos imigrantes em busca do sonho de um futuro melhor na Europa. Ao metaforizar toda uma situação avessa no continente europeu, a foto trouxe indignação particularmente dos brasileiros.
A perplexidade no Brasil está de certa forma ligada à formação social do País. Sociólogos, antropólogos e historiadores são unânimes ao afirmar que só houve uma consolidação social e principalmente econômica da sociedade graças à acolhida e o trabalho dos imigrantes que aqui aportaram.
O início da imigração no Brasil data de 1530, com o ciclo da cana-de-açúcar com os portugueses. Mas somente em 1818 este fluxo migratório ganharia o vinco dos não-portugueses durante a regência de D. João VI.
De acordo com a Wikipedia, em busca de oportunidades na terra nova, para cá vieram os suíços, que chegaram em 1819 e se instalaram no Rio de Janeiro (Nova Friburgo).
Os alemães, que vieram logo depois, em 1824, e foram para o Rio Grande do Sul (Novo Hamburgo, São Leopoldo, Santa Catarina, Blumenau, Joinville e Brusque). Os eslavos, originários da Ucrânia e Polônia, habitando o Paraná, os turcos e os árabes, que se concentraram na Amazônia.
Os italianos de Veneza, Gênova, Calábria, e Lombardia, por sua vez, concentraram-se em São Paulo, assim como os japoneses.
O maior número de imigrantes no Brasil são os portugueses, que vieram em grande número desde o período da Independência do Brasil.
Italianos e Alemães
É impossível pensar na industrialização brasileira sem os imigrantes europeus. As Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, por exemplo, mostra o vigor da imigração italiana ao consolidar no país o maior complexo industrial da América Latina, tendo como seu fundador o imigrante italiano Francesco Matarazzo.
Matarazzo começou com uma pequena casa que vendia banha na cidade de Sorocaba (São Paulo) nos anos 1940. Durante seu apogeu eram mais de 350 empresas, entre elas portos, estaleiros, metalúrgicas e papeleiras.
Já a imigração alemã no Brasil foi o movimento migratório ocorrido nos séculos XIX e XX de alemães para várias regiões do Brasil, em especial no Sul do País. A Cia. Hering, fundada em 1880 pelos irmãos Bruno e Hermann Hering, está ligada à imigração alemã.
Criada como Tricotwaren Fabrik Gerbruder Hering na cidade de Blumenau, sua trajetória mescla-se com a saga dos irmãos Hermann e Bruno Hering, integrantes de uma tradicional família de tecelões da Alemanha, que decidiram encarar o desafio de empreender no Brasil.
No varejo, um exemplo é as Casas Bahia, fundada em 1952, em São Caetano do Sul (SP), pelo imigrante polonês Samuel Klein. Ele iniciou como mascate vendendo produtos de porta em porta, embora a maioria dos seus clientes fossem retirantes baianos, que originou o nome da empresa em 1957.
Japoneses e comércio
Em 2008, o Brasil comemorou 100 anos da imigração japonesa. Foi em 18 de junho de 1908, que chegou ao porto de Santos o Kasato Maru, navio que trouxe 165 famílias de japoneses. A grande parte destes imigrantes era formada por camponeses de regiões pobres do norte e sul do Japão, que vieram trabalhar nas fazendas de café do oeste do estado de São Paulo.
Em São Paulo, deve-se aos árabes toda a zona de comércio da região central da cidade, que se estendia ao porto de Santos. Foram lá que nasceram pequenos comerciantes que fomentaram toda uma cultura comercial imprescindível ao País.
Pulverizados, mas com muita capilaridade na emergente sociedade paulistana, soma-se ainda o trabalho do povo judeu no comércio, caracterizado por exemplo no bairro do Bom Retiro na capital.
Use a hashtag #somostodosimigrantes, conte a origem da sua família e lembre a todos que o mundo se constrói com tolerância e braços abertos