Ainda em dezembro do ano passado, a Pantone, empresa especializada em cores do ramo gráfico e têxtil, anunciou qual seria a cor de 2023. O Viva Magenta 18-1750, segundo a marca, “vibra com força e energia. É uma cor enraizada na natureza, descende da família dos tons vermelhos e vem expressando um novo vigor”. Clique aqui para ver a cor escolhida.

Ao ditar a cor do momento com antecedência, a empresa pode garantir uma organização e melhor previsão do mercado têxtil, segundo avalia Michelle Carvalho, consultora técnica da equipe de Moda e Design do SENAI CETIQT. 

+ Conheça a marca mineira que virou queridinha na moda

Uma das ideias da equipe do instituto para o próximo ano é resgatar um antigo trabalho onde se reúne a indústria têxtil de confecção nacional, assim como o varejo, para montar uma cartela nacional de cores. O SENAI CETIQT, por exemplo, é um dos poucos institutos com autorização da empresa para uso de seus códigos de cor no material da instituição. 

“Com a divulgação do anúncio, não só a da cor única como da cartela de paletas, o mercado consegue organizar-se de forma com que a distribuição seja melhor prevista. Por exemplo, não será investido em cores verde-limão se houver uma escassez de corante de produção dessa cor. Então, o levantamento baseado no que a indústria tem possibilidade de fornecer e o que pode gerar no mercado têxtil até a oferta com o varejo, podem ser otimizados recursos e produção”, explica. 

Como é feita a escolha?

A cor do ano é uma escolha “comercial” da Pantone, não tendo atores públicos envolvidos. Uma pesquisa pelo Instituto Pantone de Cor e sua equipe é baseada em macrotendências, com análises de cultura, comportamento, lifestyle e movimentos que estejam surgindo, além do mercado de Design, Arquitetura e outros setores. 

“Especialmente agora, nos anos pós-pandemia, a cor do ano é um reflexo muito grande da nossa necessidade de retorno à natureza”, avalia Marcela Ohana, CEO da Dash, empresa de moda corporativa. Para ela, a influência nas roupas é uma das primeiras que aparecem após a escolha. 

“A demanda por peças de roupa sobe instantaneamente a divulgação da cor do ano. Essa definição da cor geral é um sentimento no mercado de que a cor é boa, da Moda. O que faz com que a demanda aumente é um corre corre atrás de peças já existentes ou peças com cores próximas a cor do ano”, explica a CEO. 

Apesar de ditar o que “pode ou não” ser usado em termos de paleta de cor, há quem tome cuidado com as tendências. Claudinei Martins, diretor-executivo comercial e de marketing do Grupo Kyly, reflete a respeito dessa resistência. “Existem cores que têm uma certa resistência por parte de nosso mercado, quando elas vêm como tendência cuidamos bastante ao colocá-las em uma coleção. Não ficamos fora da tendência, mas colocamos estas cores em poucos produtos. Por exemplo, o roxo para o público infantil tem muita restrição”, revela. 

A oferta da matéria prima passa por alguns obstáculos. No exemplo do verde-limão dado por Michele, do SENAI, mostra que a escassez de determinado item pode influenciar nas escolhas. “Algumas cores não conseguem vivacidade alta. Numa poliamida, se consegue uma cor mais viva do que em um algodão. Isso vale tanto para a matéria prima de corante quanto para a fibrosa, da parte têxtil”, finaliza.