04/06/2008 - 7:00
ATÉ POUCO TEMPO ATRÁS, APENAS TRÊS grandes redes globais de fast-food não haviam fincado suas bandeiras em solo brasileiro: Burger King, Starbucks e Wendy?s. A Burger King, a segunda maior do ramo nos Estados Unidos, desembarcou no Brasil no final de 2004. A cafeteria americana Starbucks se estabeleceu por aqui em 2007. Agora, chegou a vez da Wendy?s, uma das mais tradicionais cadeias americanas de refeições rápidas, anunciar seu interesse em abrir restaurantes no Brasil. ?O Brasil está em nossos planos e em breve poderemos abrir restaurantes no País?, disse Linda Stowers, gerente de desenvolvimento da Wendy?s nos Estados Unidos, à DINHEIRO. A executiva confirmou desta forma rumores que circulavam no mercado desde que a Wendy?s tentou reservar um estande na ABF Franchising Expo, a feira do setor que vai acontecer de 25 a 28 de junho, em São Paulo. O diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Ricardo Camargo, confirmou o interesse da Wendy?s e os contatos feitos pela direção da rede com os organizadores do evento. O desembarque no Brasil será um importante passo na estratégia de internacionalização da rede. Famosa por seus hambúrgueres de carne em formato quadrado, a rede está presente em 29 países, por meio de franquias. Além do Brasil, seus planos incluem, no curto prazo, a inauguração de unidades no Chile, na Dinamarca e na Argélia. Atualmente, a empresa só perde em tamanho para o McDonald?s e o Burger King. Fundada em 1969 na cidade de Columbus, no Estado de Ohio, a Wendy?s deve repetir no Brasil a estratégia de seus concorrentes: buscar um empresário com capital e experiência suficientes para se encarregar da expansão da rede. Foi o caminho trilhado pela Burger King e, décadas atrás, pelo McDonald?s. Mas a direção atual da Wendy?s deve saber que desembarcar com sucesso no Brasil não é tarefa fácil ? e possui uma história de fracasso dentro de casa. Isso porque há pouco mais de um mês, a Triarc Companies, uma holding de marcas de franquias com sede em Nova York, anunciou a compra da rede Wendy?s. O valor do negócio foi de US$ 2,3 bilhões, segundo o jornal The New York Times. A Triarc é proprietária da Arby?s.
Conhecida por seus sanduíches de rosbife, a rede amargou uma dura experiência no Brasil. Em 1992, abriu em São Paulo sua primeira loja. Sete anos depois fez as malas e se foi para nunca mais voltar. Outras grandalhonas do setor, como Pizza Hut, Domino?s, KFC e Subway, tropeçaram em algumas pedras no caminho. Dificuldades com suprimentos e a resistência dos brasileiros aos cardápios importados atrapalharam a vida da maioria dessas multinacionais da alimentação.
Um dos principais desafios da Wendy?s para evitar os mesmos problemas será encontrar fornecedores certos, uma obrigação para uma marca que se orgulha de anunciar que seus hambúrgueres chegam frescos aos restaurantes porque nunca são congelados. O investimento nos restaurantes para os franqueados pode ser outro obstáculo, mas encontra-se na média para esse tipo de negócio: deve variar de R$ 500 mil a R$ 1,2 milhão, conforme o tamanho das unidades. O que vem atraindo as redes internacionais é o crescimento da economia brasileira. O mercado brasileiro de franquias já movimenta R$ 42 bilhões por ano. Por isso, oito outras redes do Exterior já confirmaram presença na feira da ABF: a Tienda del Perfume, da Colômbia; El Fogoncito, do México; Pardo?s Chicken, do Peru; Galitos?s, da África do Sul; Cardón Cosas Nuestras, da Argentina; Open Mart, do Equador; Eurognosi, da Grécia; e Motoshop VRC, da Guatemala.