Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A portabilidade de serviços financeiros no Brasil já tem 17 anos, mas ainda está longe de atingir a maturidade, segundo um levantamento feito pelo Datafolha em parceria com a associação de serviços financeiros Zetta.

De acordo com o levantamento, 50% das pessoas com conta corrente em bancos avaliam que o processo de portabilidade de serviços financeiros é muito complicado ou que as instituições financeiras dificultam o processo.

A pesquisa foi realizada pelo Datafolha com cerca de 1.600 pessoas bancarizadas, com mais de 16 anos, nas cinco regiões do Brasil realizada em novembro passado.

A burocracia dos bancos, entraves sobre a documentação exigida e demora para aprovação da solicitação da portabilidade foram as principais dificuldades apontadas por quem não conseguiu finalizar o processo de portabilidade.

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Mas o desconhecimento da portabilidade é uma outra grande barreira no país, segundo o levantamento, que afirma que 44% dos bancarizados nunca ouviram falar sobre o assunto, e dessa parcela, 40% disseram não saber como solicitar a portabilidade.

“Apenas 2% responderam que atualmente é possível solicitar a portabilidade de salário no aplicativo ou plataforma da instituição onde quer receber o salário, de forma mais rápida e prática”, afirma a pesquisa.

O interesse em fazer portabilidade de salário também pode ser considerado relativamente baixo, com apenas 24% dos entrevistados demonstrando muito ou algum interesse na ferramenta. Somente 16% da população bancarizada do Brasil já tentou fazer portabilidade de crédito (6%) ou de salário (10%).

“O problema não está nas pessoas e sim na burocracia do processo que pode melhorar. O estudo mostra que existe um grande desconhecimento sobre o processo. Deveria ter mais publicidade, propaganda e divulgação sobre a portabilidade”, disse a economista chefe da Zetta, Rafaela Nogueira, à Reuters.

A advogada da Zetta, Letícia Novaes, afirmou que o PIX poderia ser usado como parâmetro para o aperfeiçoamento dos processos de portabilidade de salários e, o Open Finance, para a portabilidade de operações de crédito.