O governo de Portugal relançou nesta quinta-feira, 10, a privatização da companhia aérea TAP, há muito adiada, afirmando que pretende vender uma participação de 49,9% dentro de um ano e que poderia, então, considerar a possibilidade de vender mais capital da companhia aérea.

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O primeiro-ministro Luis Montenegro disse estar “convencido de que haverá muitas partes interessadas” na venda parcial planejada, que inclui uma participação de 5% a ser oferecida aos funcionários.

A privatização da companhia aérea já atraiu o interesse das três principais companhias aéreas europeias — Lufthansa, Air France-KLM e IAG, proprietária da British Airways — que se reuniram com o governo no ano passado.

A Air France-KLM reiterou seu interesse, dizendo em um comunicado que “participará desse processo assim que todos os detalhes forem divulgados”.

A IAG foi mais ambíguo: “Como já declaramos anteriormente, a IAG espera analisar os termos da possível venda da TAP e considerará cuidadosamente todos os detalhes e condições do processo assim que eles forem disponibilizados”.

A Lufthansa não quis comentar.

“Tomamos essa decisão (de privatizar) porque já gastamos muito dinheiro… Não queremos continuar despejando dinheiro em um poço sem fundo”, disse Montenegro em um breve pronunciamento televisionado.

A TAP teve um prejuízo recorde de 1,6 bilhão de euros em 2021 durante a pandemia da Covid-19, o que levou a uma ampla reestruturação e a um resgate de 3,2 bilhões de euros por parte do Estado.

O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse que o governo procura promover sinergias entre a TAP e um parceiro estratégico a ser escolhido, ao qual será atribuído um papel fundamental de gestão.

“Acreditamos que podemos concluir a privatização em um ano”, disse Pinto Luz aos repórteres, acrescentando que o modelo de privatização permite ofertas de companhias aéreas de fora da União Europeia.

O próximo passo é que os candidatos se pré-qualifiquem para a venda dentro de 60 dias após o decreto do governo ser confirmado pelo presidente de Portugal.

Os ativos mais atraentes da TAP são seus principais slots para o Brasil, países africanos de língua portuguesa e Estados Unidos a partir de seu hub em Lisboa, que o governo quer manter e até mesmo aumentar.

Em 2024, a TAP, que emprega cerca de 8.000 pessoas, transportou mais de 16 milhões de passageiros com sua frota principal de 99 aeronaves e as 19 aeronaves de sua subsidiária TAP Express, que se concentra em voos de curta e média distância.