Todo profissional, em algum momento da carreira, acaba sendo confrontado pela dúvida: vale a pena fazer uma pós-graduação? Do ponto de vista pessoal, em se tratando de adquirir conhecimento, a reposta é sim. Mas, e do ponto de vista financeiro e profissional, é possível estimar se o investimento a ser feito vai compensar no futuro? A resposta, novamente, é sim, mas com algumas ressalvas.

Segundo especialistas ouvidos pela DINHEIRO, mesmo investindo altas somas, que podem chegar a R$ 40 mil em dois anos de pós-graduação ou MBA, é possível obter um retorno muito rápido. A conta é simples. Adotando a estratégia correta, o profissional vai conseguir aumentar seus ganhos, seja na mesma empresa em que trabalha, com uma promoção ou aumento, seja com uma mudança nos rumos da carreira.

O gerente de investimentos, Bruno Igarashi Ribeiro de Almeida, é um exemplo disso. Ele viu na pós-graduação uma chance de crescer na empresa em  que trabalha, e deu certo: foi promovido. ?A pós é importante porque agrega conhecimentos mais específicos, diferentemente da faculdade, que tem um conteúdo mais teórico. Além disso, é um excelente marketing pessoal?, afirma Igarashi.

Com a promoção, os rendimentos aumentaram, e isso significa que o investimento vai se pagar em pouco tempo. ?É um pouco caro, mas sem dúvida compensa?, diz o, agora, gerente.

Mas, não é qualquer curso que vai garantir esse futuro promissor. Para o economista Marcos Silvestre, autor do livro ?12 Meses para Enriquecer?, na hora de decidir pela pós-graduação, é fundamental entender de que forma o curso vai melhorar sua carreira. Por esse motivo, ele aconselha que o profissional não fuja muito de sua área de atuação. ?O ideal é que o conhecimento agregado traga resultados práticos no dia-a-dia?, afirma. Mudar de área só se for para algum setor correlato, que possa ampliar os horizontes do profissional, mas não muito longe do atual emprego.

A escolha da instituição de ensino também é importante. ?O mercado sabe quando o curso é sério, e quando não é?, afirma Silvestre. Para Igarashi, que escolheu o Insper (ex-IBMEC), conceituada faculdade de administração em São Paulo, esse é um ponto crítico. ?Existem muitos cursos acessíveis, mas que acabam não trazendo muito diferencial no mercado, cada vez mais exigente?, diz.

Escolher a hora certa para voltar aos estudos também ajuda. Segundo Silvestre, é mais indicado iniciar uma pós-graduação antes dos 35 anos, quando o profissional está na fase de construção de sua carreira. ?Dessa forma, sobram cerca de 20 anos para recuperar o investimento?, diz. Mas, nem é preciso tanto tempo, na maioria dos casos.

Nas contas do economista, considerando uma pós-graduação de dois anos, ao custo de R$ 1,5 mil por mês, o profissional vai desembolsar cerca de R$ 39 mil para concluir o curso (a conta inclui juros e correção monetária). Se o esforço garantir uma promoção e um aumento de renda líquido de, por exemplo, R$ 1 mil, em apenas quatro anos o investimento já estará pago. O resto é lucro.

Ganha mais ainda quem souber se planejar. Poupando, os custos de uma pós-graduação caem drasticamente, como explica o professor do Insper, José Dutra Vieira Sobrinho. Nas contas do professor, para pagar um curso de R$ 1 mil por mês, com duração de três anos, é preciso juntar pouco menos de R$ 33 mil. ?Com este valor em uma poupança, considerando um rendimento de 0,5%, a pessoa consegue fazer saques de R$ 1 mil todo mês e, ao final do terceiro ano, a conta estará zerada?, afirma. ?Evidentemente, dispor do dinheiro todo para pagar a pós é mais vantajoso?, diz Dutra.